Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Libertadores: juntos, técnicos no Brasil têm 20% da permanência de Gallardo
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A fase de grupos da Libertadores da América começa amanhã (20) com um cenário incomum para os clubes do Brasil. O treinador há mais tempo no cargo é Abel Ferreira, no Palmeiras, acumulando uma permanência de meros cinco meses (e 500 críticas, mediante os últimos dias).
O português foi apresentado no Palmeiras em 4 de novembro. Rogério Ceni chegou à Gávea uma semana depois, em 10 de novembro. Os outros são de 2021: fevereiro teve Crespo começando no São Paulo (no dia 17) e Roger Machado no Fluminense (dia 27). Março contou com Ariel Holan no Santos (dia 1º), Miguel Ángel Ramírez no Inter (dia 3) e Cuca no Atlético-MG (dia 16).
Há uma clara entressafra e esperança nos projetos de longo prazo. O louco calendário pandêmico de 2020, aliada à tradicional impaciência, também entram nesta conta local.
Juntos, os técnicos dos clubes brasileiros abrem a Libertadores somando 17 meses em seus respectivos cargos, e a comparação com a Argentina, sua principal rival, é marcante.
O técnico argentino há mais tempo no cargo é Marcelo Gallardo, que caminha para completar sete anos de River Plate. O "Napoleón", como é chamado no país, assumiu o clube em 6 de junho de 2014, ainda antes da Copa do Mundo disputada no Brasil. A disparidade da sua permanência para os brasileiros é tamanha que a soma do tempo de trabalho dos sete brasileiros equivale a meros 20,7% da sua atuação no River (82 meses de Gallardo sozinho contra os 17 dos sete nos clubes brasileiros).
Gallardo é visto como um fenômeno entre os argentinos e sua permanência é rara não só no presente, mas na história. Ele está para o River como o lendário Lula para o Santos, como assinalamos ainda em 3 de novembro do ano passado. Mas esses 17 meses somados dos brasileiros encontram um paralelo interessante em Miguel Ángel Russo, apresentado pelo Boca em 30 de dezembro de 2019 e caminhando para seu 16º mês à frente do clube xeneize.
Todos os demais argentinos têm tempos curtos (veja lista completa abaixo). O mercado argentino é tão instável quanto o brasileiro. Um exemplo forte na Argentina é mostrar a sequência dos treinadores recentes no San Lorenzo. Juan Antonio Pìzzi durou só 13 jogos no cargo. Uma loucura. E depois vieram Diego Monarriz (12) e Mariano Soso (11) com passagens ainda mais breves.
O que sim diferencia a forma de trabalho na Argentina e no Brasil é o que os vizinhos chamam de "pertencimento". Marcelo Gallardo disse "não" até ao Barcelona para seguir no River Plate. Miguel Ángel Russo também foi sondado pelo mundo árabe e por seleções da América do Sul - e preferiu ficar no Boca. O mesmo não pode ser dito de Jorge Jesus (saiu do Flamengo para o Benfica), Chacho Coudet (trocou o Inter pelo Celta) e Jorge Sampaoli (deixou o Atlético-MG rumo ao Olympique de Marselha).
A exceção? Crespo, que trocou o Defensa y Justicia pelo São Paulo. Ele sempre deixou claro que disputar uma Libertadores e uma Sul-Americana pelo nanico argentino estava de bom tamanho, e que seu plano de carreira incluía trabalhar em um grande do continente em 2021.
Os meses de trabalho dos técnicos dos times brasileiros na Libertadores-2021:
Abel Ferreira (Palmeiras) - 5 meses
Rogério Ceni (Flamengo) - 5
Hernán Crespo (São Paulo) - 2
Roger Machado (Fluminense) - 2
Ariel Holan (Santos) - 1
Cuca (Atlético-MG) - 1
Miguel Ángel Ramírez - 1
Os argentinos:
Marcelo Gallardo (River Plate) - 82 meses
Miguel Ángel Russo (Boca Juniors) - 15
Mauricio Pellegrino (Vélez Sarsfield) - 6
Gabriel Milito (Argentinos Juniors) - 3
Juan Antonio Pizzi (Racing) - 3
Sebastián Beccacece (Defensa y Justicia) - 2
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