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Argentino que socou Edmundo não quer saber de Vélez x Fla: "Hoje, só golfe"
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Pacata e reclusa. É desta maneira que Flavio Zandoná define sua rotina atual. Famoso pelo soco que acertou em Edmundo em um Flamengo x Vélez Sarsfield de 1995, o defensor argentino completou 54 anos no último dia 8 sem ligar para o futebol jogado hoje em dia. Em breve contato com a coluna, disse que sequer vai acompanhar nesta terça-feira (20) o jogo entre os dois times pela Libertadores: "Hoje só paro para ver um único esporte: golfe", comentou.
Zandoná vive em Zárate, cidade onde nasceu, na província de Buenos Aires. Repleta de fazendas às margens no rio Paraná, o local hoje tem cerca de 90.000 habitantes que levam o ritmo calmo que o ex-jogador tanto aprecia: "Aqui eu me escondo da pandemia e pesco tranquilo", diz ele, que escolheu voltar para lá desde que se aposentou do futebol, em 2001.
Não há registros seus em redes sociais ou matérias na imprensa argentina no estilo "por onde anda?". Apenas uma revista do Vélez, em 2015, trouxe uma entrevista relembrando os tempos em que integrou o melhor time da história do clube, ganhando até a Copa Intercontinental diante do Milan em 1994.
É justamente esta conquista que faz Zandoná se esquivar de novas perguntas sobre o soco que acertou em Edmundo em 1995: "Parece que esta foi a única coisa que fiz. Fui campeão da Libertadores e mundial e joguei até no Brasil, como você deve saber", seguiu ele, citando uma curtíssima passagem pelo América-MG em 2001, quando se despediu do clube antes mesmo de estrear.
O argentino diz não sentir rejeição específica pelo futebol atual: "Assunto esgotado. É assim que me sinto", diz ele, que antes da pandemia participava de partidas beneficentes ao lado de Ricardo Bochini, ídolo do Independiente. "Fazia para percorrer os pequenos povoados e para arrecadar fundos, muito mais do que algum interesse específico pelo esporte. Como disse, hoje só vejo e jogo golfe. Faz bem para a concentração, pratico sozinho mesmo em Zárate, sem risco de covid."
Soco em Edmundo virou até bandeira
Aconteceu há mais de 25 anos e é, ainda hoje, uma das imagens mais repetidas da rivalidade entre Brasil e Argentina. Em um Flamengo x Vélez Sarsfield pela Supercopa da Libertadores de 1995, o argentino Zandoná acertou um violento soco na cara de Edmundo ao revidar um tapa. A emblemática cena virou até bandeira na torcida do Vélez em Buenos Aires.
O "trapo", que é como os argentinos chamam as bandeiras feitas manualmente pelos seus fanáticos, levou dois meses para ser feito e estreou nos estádios no começo do ano passado. Mesmo na pandemia, com as tribunas vazias, era possível ver a reprodução do soco nas arquibancadas desertas do José Amalfitani, histórica cancha do Vélez.
A iniciativa foi do pequeno grupo de (cerca de 40) torcedores denominado "100 barrios", em alusão à célebre canção portenha da década de 1940 reforçando que Buenos Aires tinha cem bairros (quando na verdade tem 48). A agrupação fica no bairro de Liniers, onde está também o estádio do Vélez.
A bandeira foi confeccionada por quatro torcedores - dois sequer eram nascidos quando Zandoná socou Edmundo. "Este é um dos momentos mais comentados por nós, não deixamos ninguém tirar sarro da gente, todo aniversário do lance [3 de outubro] nos juntamos para comemorar, é o nosso 'Zandonazo'", dizia a mensagem mandada à coluna por Rodolfo Castillo, um dos responsáveis por fazer a bandeira e carregá-la aos jogos da equipe.
NÃO ME ARREPENDO - Ouvimos Flavio Zandoná em 2016 para saber das suas memórias daquele lance. E o argentino que jogava como zagueiro e lateral não mediu as palavras: ''Nesta altura da vida, é claro que olho para trás e não tenho arrependimentos. Carregar arrependimentos é uma forma muito triste de se viver. Não me orgulho e nem me arrependo deste episódio'. 'Eu me senti provocado. E qualquer um que provoca precisa saber que isso vai gerar consequências".
''Em uma jogada normal, sem importância, o Edmundo recebeu a bola e começou a rebolar e provocar todo mundo. Eu, que estava mais perto, principalmente'', seguiu, relembrando que os dois trocaram tapas antes do famoso nocaute. "Estava 3 a 0. Não há paciência que banque um adversário ficar do seu lado rebolando, falando coisas e te dando tapa. Ali, quis fazer justiça lhe dando um soco bem forte. Estávamos em mau momento e saindo da Copa. O episódio significou uma catarse para todo o time. Se houvesse outra situação assim, faria de novo.''
Como resposta ao soco, Zandoná levou uma voadora de Romário. Esta e outras histórias daquele Flamengo x Vélez foram contadas nesta matéria do UOL Esporte também de 2016.
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