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Técnico diz que Tigre queria jogar contra SPFC e xinga Ney Franco: "Idiota"
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Conquistado há nove anos, o último título do São Paulo, a Copa Sul-Americana de 2012, ainda gera discussão. Técnico do Tigre, rival daquela decisão, Néstor "Pipo" Gorosito deu uma entrevista neste fim de semana ao canal da TV argentina TyC Sports relembrando os bastidores da briga que interrompeu a final. E surpreendeu: disse que a equipe queria jogar o segundo tempo no Morumbi, mas foi impedida pelo cônsul da Argentina, Agustín Molina.
"Falaram que eu era culpado, que eu disse que não poderiam jogar, mas não tem nada a ver", afirmou no trecho do papo que começa aqui. "Um capataz vai dizer que uma fábrica vai fechar? Foi o cônsul que determinou."
"Foi uma loucura, fizeram nossa vida impossível. O treinador deles [Ney Franco] foi um idiota, falou que havia sido maltratado aqui na Argentina. Mentira, na Argentina nem te dão bola. Ele começou a plantar discórdia e bagunça, aí chegamos a São Paulo e não nos deram campo para treinar. Nos mandaram treinar duas horas onde estávamos, não deixaram a gente se aquecer no gramado do Morumbi."
O técnico ofereceu uma avaliação surpreendente daquele São Paulo que contava com o fim da carreira de Rogério Ceni e o começo de Lucas. "Eles tinham um timaço. Depois do Raí, era o melhor time do São Paulo. Você precisa ter sorte também. Capaz de encontrar uns tontos de merda na final e acabar sendo campeão."
Sobre a briga no vestiário que paralisou aquela decisão, Gorosito relembrou: "Armou-se uma confusão no campo e se separaram, e quando chegamos ao vestiário os seguranças estavam batendo em dois jogadores nossos que estavam entrando. Aí entramos e brigaram todos. Impressionante. Os [seguranças] gordos, grandões, musculosos, começaram a se cansar
e os nossos meninos foram para cima, e isso porque faltavam uns caras nossos que também eram grandes. Até que começaram a nos acertar com os cassetetes, sacaram um revólver, bateram no peito de um jogador nosso. O representante da Conmebol e o árbitro estavam aí, a cinco metros."
"O cônsul não nos deixou jogar porque perguntou quais eram as garantias de que isso não aconteceria de novo, e a Conmebol e o árbitro disseram que as garantias eram as mesmas dadas até ali."
"De outro time, não tirariam a medalha. De um Boca, River, San Lorenzo? [Julio, presidente da AFA] Grondona não deixaria tirar a medalha. Mas com a gente e outros times que entre aspas são menores, sim."
São Paulo alegou farsa
A final da Copa Sul-Americana 2012 entre o Tigre e o São Paulo foi interrompida após uma briga entre os jogadores argentinos e os atletas e seguranças do São Paulo. O clube paulista vencia a partida por 2 a 0 quando o time do Tigre se recusou a voltar e jogar o segundo tempo. Eles alegavam que foram agredidos e ameaçados pelos seguranças do tricolor paulistano. O São Paulo foi declarado vencedor do torneio.
No dia 13 de dezembro daquele ano, o UOL Esporte informou que durante o depoimento à polícia, os jogadores argentinos do Tigre recuaram e não registraram na ocorrência a suposta ameaça com armas de fogo que teriam sofrido dentro do vestiário.
"Aquilo é uma farsa e todos nós sabemos disso", disse Juvenal Juvêncio, então presidente do São Paulo. "Começou no campo, a vista de 67 mil torcedores que estavam lá. Eles não são malucos de reafirmarem isso. Não existe isso de armamento. Todos viram o que aconteceu. Não tem o que eles alegarem. Tem que achar outra desculpa, pois essa não deu certo."
A simulação comprovada de Roberto Rojas, o goleiro chileno que fingiu ter sido atingido por um rojão no duelo Brasil x Chile, no Maracanã, em 1989, foi lembrada pelo São Paulo ao julgar os relatos do jogadores do Tigre sobre a violência sofrida no Morumbi. O caso com Rojas teve o mesmo desfecho da final da Sul-Americana, com o duelo sendo interrompido antes do fim.
"Eu acho que o que aconteceu foi algo parecido com um caso que não sei se vocês se lembram, do Rojas, que simulou ter sido atingido por um rojão. É a mesma cena", disse o assessor da presidência do São Paulo, José Francisco Mansur.
O advogado do clube, Gustavo Francez, disse que "os argentinos não eram malucos de levar essa versão adiante. Não tinha o menor cabimento".
Segundo a polícia, dos cinco jogadores do Tigre que compareceram à delegacia para prestar queixa, apenas dois foram ouvidos. Os argentinos pediram autorização para ir embora, senão perderiam o voo que os levaria para casa na manhã seguinte, e foram dispensados.
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