Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Por que Argentina compara saída brusca de Messi às de Maradona e Di Stéfano
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A Argentina reagiu com espanto à notícia de que Lionel Messi não jogaria mais pelo Barcelona. Na tarde de ontem (5), o clube anunciou a saída do atacante, que estava sem contrato desde o fim da temporada. O craque argentino deixa o Camp Nou após quase 21 anos entre categorias de base e profissional.
Entre as conjecturas sobre os "obstáculos econômicos e estruturais" por trás da saída, as TVs e rádios de Buenos Aires invadiram a madrugada analisando a ruptura histórica olhando também para as despedidas dos outros integrantes da "santíssima trindade" do futebol do país, Diego Maradona no Napoli (há exatos 30 anos, em 1991) e Alfredo di Stéfano no Real Madrid (em 1964).
Divórcio vulcânico como a relação
A história de Messi no Barcelona teve início em setembro de 2000, quando ele chegou ao clube com apenas 13 anos após ser descoberto nas categorias de base do Newell's Old Boys. O jogador passou por todos os estágios no Camp Nou até fazer a sua estreia no time principal com 17 anos, em 2004. Com 672 gols em 778 jogos, conquistou quatro títulos da Liga dos Campeões e 10 troféus do Campeonato Espanhol.
Uma das reflexões levantadas no F90 (principal mesa-redonda argentina, na ESPN) passava exatamente por isso: o divórcio Barcelona-Messi era assim, brusco e vulcânico, porque a relação também foi. Um dos pontos de reflexão vinha de uma tese do jornalista e escritor Andrés Burgo, que questionava: Por que queremos saídas organizadas em amores tão intensos?
De fato, a história de Messi com o Barcelona foi um prato cheio para as mais sentimentais reflexões portenhas que incluíam obviamente o auge de sua carreira depois da conquista da Copa América com a seleção argentina.
Abandonado até pela Camorra
Quem recordou a saída de Diego Maradona do Napoli para situar o fim abrupto de Messi no Barcelona foi Gustavo López, um dos principais nomes do esporte argentino, em seu programa na La Red na noite de ontem.
Foi lembrado até mesmo o excepcional documentário de 2019 sobre a vida do craque, o "Diego Maradona: Rebelde. Herói. Oportunista. Deus". O diretor do filme, o britânico Asif Kapadia, utilizou diversas imagens inéditas para retratar sua tumultuada saída do Napoli.
Ele brilhou como ninguém ao ganhar o "Scudetto" duas vezes, mas caiu em desgraça depois da Copa do Mundo de 1990, deixando pelo caminho a própria Itália nas semifinais. Já lidando com um avançado estágio no vício em cocaína, Maradona saiu de Nápoles anônimo e esquecido pela diretoria do clube e pelos seus bajuladores da Camorra, a máfia napolitana.
Foi o princípio do fim de Diego, que se despediu do futebol em uma emocionante homenagem na Bombonera em 2001. É surreal imaginar que ele viveu tão somente 19 anos como ex-jogador até sua morte há oito meses.
Briga com presidente
O exemplo mais distante resgatado pelos argentinos para traçar um parâmetro histórico da saída de Messi do Barcelona foi o que aconteceu com Alfredo di Stéfano no Real, tão lendário em Madri quanto Lionel na Catalunha.
Di Stéfano foi o grande responsável por tornar o Real Madrid um dos gigantes europeus. Fez parte da equipe que assombrou o futebol nas décadas de 1950 e 1960, formando dupla com o húngaro Ferenc Puskas. Nos seus 11 anos de Real, foi pentacampeão europeu e conquistou oito títulos espanhóis.
Em 1964, aos 38 anos, depois de muitas brigas com o técnico Miguel Muñoz, Di Stéfano ouviu do presidente do clube, Santiago Bernabéu, que não renovaria seu contrato pela sua avançada idade e pelo seu alto salário. O argentino se transferiu para o Español, onde parou de jogar dois anos depois. Di Stéfano morreu em julho de 2014, por uma parada cardíaca. Tinha 88 anos.
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