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Tales Torraga

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Por que Argentina se vê favorita na Copa do Mundo do Qatar com Messi no PSG

Messi é apresentado como reforço do PSG  - Divulgação/PSG
Messi é apresentado como reforço do PSG Imagem: Divulgação/PSG

Colunista do UOL

12/08/2021 04h00

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A transferência de Lionel Messi do Barcelona para o Paris Saint-Germain foi muito elogiada pela comissão técnica da seleção argentina. A coluna apurou que a novidade gera uma leitura interna em Buenos Aires que coloca a equipe na condição de ser uma das favoritas ao título da Copa do Mundo do Qatar.

O evento deve representar a quinta e última tentativa para Messi conquistar o Mundial que escapa das mãos argentinas desde 1986. E a primeira facilidade avaliada pela AFA (Associação Argentina de Futebol) é o calendário. Conciliar a enorme exigência do título da Liga dos Campeões com a seleção não será problema para Messi e seus 35 anos, idade que terá na Copa do Mundo.

A próxima Liga dos Campeões vai terminar em 28 de maio de 2022 (com a final sendo disputada em São Petersburgo, na Rússia). A abertura da Copa do Mundo do Qatar será em 21 de novembro. Ou seja: Messi terá seis meses de pausa para distribuir suas forças atrás do duplo desafio que se antevê.

Tal avaliação da AFA conta com o embasamento da conquista da Copa América, que viu um Messi sem carregar o desgaste físico e psicológico de um calendário excruciante. Em 10 de março, ele e o Barça foram eliminados da Liga dos Campeões ainda nas oitavas de final, contra o Paris Saint-Germain. Sem a competição continental, Messi tampouco teve o Campeonato Espanhol para brigar, pois a disputa pelo título ficou entre Real e Atlético de Madri.

Tanto foi assim que em 21 de maio, com o Espanhol em andamento, o Barça já antecipava suas férias na Argentina, onde Messi treinou por conta própria em Rosário para se apresentar bem à seleção que daria a volta olímpica no Maracanã em 10 de julho, pondo fim ao jejum de 28 anos sem títulos.

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Messi e Maurício Pochettino depois de partida entre PSG e Barcelona pela Liga dos Campeões
Imagem: Xavier Laine/Getty Images

Rosário é Paris

Outro ponto favorável no acerto de Messi com o PSG é o clube ter um técnico argentino. Mauricio Pochettino certamente fará de tudo para deixar o craque o mais cômodo possível para desempenhar suas funções tanto em Paris quanto no CT de Ezeiza (em Buenos Aires) na preparação para o Mundial.

Pochettino será o segundo técnico argentino (e da cidade de Rosário) a cruzar o caminho de Messi em sua carreira nos clubes. O primeiro foi Tata Martino, que se despediu do Barcelona em maio de 2014, um mês antes da Copa do Mundo realizada no Brasil. Na leitura da imprensa e da torcida argentina, esta era a melhor aparição de Messi na seleção até o título da Copa América — naquele Mundial, foi eleito o craque e só perdeu o título na prorrogação.

Outro detalhe menos técnico é o Qatar, sede do próximo Mundial, preparar uma grande estratégia de desenvolvimento e usar a chegada de Messi ao PSG para isso. Ter um Messi "voando" em Paris e na Copa do Mundo será praticamente uma estratégia política e de imagem do Qatar para 2022.

E a AFA, como se beneficiaria? Nas facilidades para conciliar as agendas.

Não haverá, por exemplo, queda de braço do PSG com a seleção por liberações, porque é de mútuo interesse (de clube e seleção) que Messi chegue bem ao Mundial. Logística perfeita e presença certa nas Eliminatórias e em amistosos importantes. Tudo previsto no contrato com o clube.

A Argentina é a segunda nas Eliminatórias após seis jogos (12 pontos, contra 18 do Brasil). As quatro melhores se classificam e a quinta vai à Repescagem.

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Neymar, Messi e os jogadores do PSG durante as férias
Imagem: Reprodução

Roda de mate

Não é segredo para ninguém que Messi rende melhor ao lado dos amigos. Foi assim no Barcelona com Neymar e Suárez e na seleção argentina que acaba de conquistar a Copa América. E no PSG ele vai contar com um verdadeiro "tripé" argentino com o volante Leandro Paredes e o meia-atacante Ángel Di María (não nos esquecemos de Icardi, que é um pouco distante de todos).

Pela necessidade de um bom entorno, a seleção argentina foi criticada por muitos anos carregando o depreciativo nome de "clube dos amigos de Messi", pela sua afinidade com questionados como Lavezzi, Higuaín e Mascherano.

A amizade de Messi, Di María e Paredes na Copa América foi tão forte (também pela pandemia e confinamento) que uma das primeiras mensagens de Messi nas férias foi um comentário em uma foto do volante Paredes, dizendo que "acordou para tomar mate (bebida similar ao chimarrão brasileiro) e não havia encontrado ninguém". Agora terá. No clube e pelo ano todo.