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5 razões que explicam a pior temporada continental da história da Argentina
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O choque de realidade imposto pelo Atlético-MG em cima do River Plate tocou fundo no orgulho argentino. As rádios e TVs de Buenos Aires invadiram a madrugada falando do "tapa na cara levado pelo futebol brasileiro". E o tom dos jornais e portais na manhã de hoje (19) segue a reflexão e a melancolia que tanto caracterizam a forma de viver dos argentinos (o tango, pois é).
A superioridade econômica (e por consequência técnica) brasileira está bem definida nas competições continentais. Mas há outras razões que explicam o pior rendimento da história da Argentina nas competições da América do Sul. A temporada 2021 marca a primeira ausência conjunta do país em semifinais de Libertadores e Sul-Americana desde 2006, mas a atual seca tem um agravante: há 15 anos, era permitida a presença das fortes equipes mexicanas nos torneios. E nem este motivo a Argentina tem mais para justificar.
O fracasso dos clubes contrasta com o sucesso da seleção, campeã da Copa América no Maracanã. Inserida no cotidiano argentino, a coluna repassa agora cinco razões que explicam o vexame que virou a atual temporada para as equipes do país:
Calendário
A Libertadores disputada durante o ano todo está conflitando com a agenda atual do futebol argentino, que segue o modelo europeu. As oitavas de final da Libertadores 2021 representaram o exato retorno do país às competições, enquanto os brasileiros mantinham ritmo de jogo em suas fronteiras (com as óbvias dificuldades que isso também representa). Os dirigentes argentinos admitem o prejuízo. Tanto que haverá uma adequação do calendário nacional ao continental em 2023 - e não em 2022 pela Copa do Mundo do Qatar.
Marketing
Com as receitas cada vez mais escassas, os times argentinos não se mexem para criar "ativações de marketing" que ativem também seus cofres, minimizando as perdas. No país rege a ideia da "paixão sem preço", e a verba destinada pelos fanáticos aos clubes é fixa mesmo sem contrapartidas em um mundo onde as opções (e gastos) de entretenimento só aumentam. No último fim de semana abordamos isso com profundidade. Um exemplo do desatino argentino? O uniforme usado ontem pelo River, antigo e sem patrocinadores atuais, tristemente improvisados. Se os profissionais sofrem tais incertezas, o público ainda mais. Referência mundial em filmes, músicas e livros, a Argentina esbanja criatividade, mas os clubes ainda não sacaram como lucrar com isso.
Entressafra
Os melhores jogadores argentinos são negociados ou ainda muito jovens ou sem muita parcimônia. Basta ver que, do agregado de 4 a 0 do Atlético-MG sobre o River, três gols saíram de jogadores do país recentemente vendidos (Nacho Fernández e Zaracho). Os veteranos do clube como Ponzio, Pinola e Maidana já não têm gás para bancar as competições de elite. E o que resta? Jogadores intermediários que não acompanham a exigência máxima atual.
Campeonato local pífio
O Campeonato Argentino é cada vez mais desinteressante, um verdadeiro "torneio de loucos", e faz lembrar as inchadas competições brasileiras no fim da década de 1970, que contavam com um absurdo número de clubes apenas por politicagem. O atual Campeonato Argentino tem 26 times, um despropósito de jogos impossíveis de se assistir. E o fato de o torneio em curso não ter rebaixamento piora o nível ainda mais. As equipes vendem seus principais jogadores por preço de miséria e inflam os times com juvenis que ainda não estão prontos. Hoje comentarista da ESPN, o ex-zagueiro Sebá Domínguez calculou que esta é a situação de 40% dos inscritos profissionalmente do país.
Estrutura ultrapassada
A pandemia de covid-19 e a consequente escassez de verbas fez os times enxugarem demais os orçamentos, e isso se reflete na precariedade das instalações. Com a ausência do público, alguns estádios foram abandonados à depressão. Esta é só a face visível do corte de gastos - tal desamparo se vê também nas demais estruturas de treinamento, alojamento e refeitórios.
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