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Hernán Crespo sai do SPFC maior do que entrou e com futuro bem encaminhado
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Hernán Crespo foi bem ou mal no São Paulo? Cada um tem óbvia e total liberdade para fazer sua avaliação. Para a coluna, alternativa "A". E a sequência da sua carreira? Está muito bem encaminhada, gracias, diria ele.
Tratado como promessa quando chegou ao São Paulo, Crespo agora merece ser olhado como uma realidade no mercado dos treinadores. Sair do São Paulo neste momento tem até um viés positivo. Ele jamais lutou contra o rebaixamento como técnico. Nem no Banfield e nem no Defensa y Justicia, muito por conta do muitas vezes indecifrável sistema de ascenso e queda do futebol argentino (que calcula a média dos campeonatos anteriores). Esta mácula segue sem manchar seu currículo.
O que sim sua trajetória contará a partir de agora é que ele conquistou dois títulos históricos em dois clubes (e países) diferentes em um espaço de tão somente quatro meses. Em 23 de janeiro, ergueu a Sul-Americana pelo Defensa y Justicia, dando o primeiro campeonato internacional do modesto time verde e amarelo. Em um outro dia 23, de maio, o São Paulo conquistou seu primeiro título paulista em 16 anos, a primeira conquista geral da equipe do Morumbi depois de nove temporadas.
Outro ponto a seu favor, o São Paulo parou apenas nas quartas de final da Libertadores, campanha que não obtinha desde 2016. E foi eliminado apenas por um dos finalistas (o Palmeiras que pode até melhorar este argumento em caso de título).
Isso tudo certamente contará na hora de buscar emprego. Os técnicos argentinos de passagens recentes (e breves) pelo futebol brasileiro seguiram suas vidas sem o menor drama. Ricardo Gareca saiu pela porta dos fundos do Palmeiras e assumiu a seleção do Peru. Levou o país andino à primeira Copa do Mundo desde 1982 e foi vice-campeão de uma Copa América. Ariel Holan deu no pé no Santos, foi para o León, do México, e já ganhou até campeonato. Jorge Sampaoli, brigando com todos no Atlético-MG, hoje é o comandante do Olympique de Marselha e grande rival do PSG de Lionel Messi. Daniel Passarella, defenestrado do Corinthians, voltou ao seu River Plate, onde seria depois até presidente.
(Por falar em River, o nome de Crespo hoje não surge como eventual substituto de Marcelo Gallardo, mas que ninguém se surpreenda com uma reviravolta.)
Crespo é um profissional inteligente e assessorado pelo empresário Christian Bragarnik, talvez hoje o mais influente na América do Sul, cujos tentáculos avançam a cada dia sobre a Europa. Não por coincidência, Hernán há duas semanas recebeu uma nova licença internacional —está bem clara que sua próxima tentativa será sim no Velho Continente.
Caso não dê certo, o Racing já está de portas abertas, muito pela influência de Bragarnik, e sua sombra já paira no San Lorenzo, clube para o qual torcia na infância. O uruguaio Paolo Montero corre sério risco de cair no Ciclón.
Por fim, impossível não se lembrar da sua premonição e de seu mantra "donde no llegan las piernas va a llegar el corazón". Aonde as pernas não chegam, chegará o coração. Tanto faltou perna a este São Paulo que o colega Menon aqui no UOL até pediu uma CPI na preparação física tricolor. Mas agora sem a presença do "Valdanito" que certamente já está separando o terno para Itália, Espanha ou, por que não, Buenos Aires, que sempre esteve perto, como naquela famosa canção do Fito Páez sobre Rosário.
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