Catimba e um mix de Bielsa e Shakira: o que esperar de Guiñazú como técnico

Volante de enorme raça com passagens por Internacional e Vasco, o argentino Pablo "El Cholo" Guiñazú foi apresentado ontem (15) como novo técnico do Atlético Tucumán, que joga a Primeira Divisão em seu país. Guiñazú está com 43 anos e pendurou as chuteiras há dois. Esta será sua primeira experiência como treinador profissional.

Time médio do futebol argentino, com passagens recentes pela Libertadores em confrontos contra Palmeiras (2017) e Grêmio (2018), o Atlético vive uma péssima fase. É apenas o 21º entre os 26 times do campeonato e acabou de demitir o técnico Omar De Felippe, ex-combatente na Guerra das Malvinas.

Catimba...

Extremamente sério em tudo o que diz respeito à sua carreira, Guiñazú demonstrou muita humildade ao falar sobre sua primeira experiência como técnico. Admitiu que levou muito a sério os cursos para receber o diploma e que não se considera superior aos demais colegas por ter sido um jogador com passagem até pela seleção argentina. No melhor estilo "amigo da rapaziada", ele considera que a trajetória nos gramados vai ajudá-lo apenas a identificar a catimba de algum comandado seu. "Esta sim é a grande vantagem, o atleta vem falar com você e já é possível saber o que está acontecendo. Afinal, também passamos por isso. É uma enorme parte do convencimento na hora de resolver alguma discussão no treinamento ou até no jogo. A catimba faz parte do futebol e precisamos levar isso da melhor maneira", comentou em entrevista ao jornal "La Gaceta de Tucumán", da cidade onde fica seu atual clube.

...mais um "Bielsista"...

Semelhanças entre o "Loco" Bielsa e o "Cholo" ("Mestiço") Guiñazú? De acordo com o ex-volante, a grande inspiração ao seu trabalho vai ser exatamente o ex-treinador da seleção argentina que o convocou para vestir a azul e branca em 2002. "Fui assistente do Cacique Medina no Talleres [clube onde parou de jogar] no ano passado, mas Bielsa me ensinou demais em um mês e pouco em que estivemos juntos. Quero que minhas equipes atuem de maneira agressiva, com pressão alta e asfixiante".

...e até Shakira

Outra influência citada por Guiñazú não tem carreira no futebol —trata-se da cantora colombiana Shakira, de quem é fã a ponto de citar as letras em conversas informais e até com seus atletas. Na entrevista ao jornal de Tucumán, ele mandou: "O futebol é a mais justa das batalhas, como canta a Shakira [na música "Waka Waka, hino da Copa de 2010]. É preciso ver quem termina sendo cada um. O que quero com isso é passar aos atletas que tudo pode ser negociado, menos a preparação. Quem foi um grande jogador pode não ser exatamente um grande técnico. Tudo soma, todas as inspirações".

"Meu objetivo é fazer o jogador nota 5 levar uma nota 7. Já trabalhei o suficiente para ampliar esta margem, veremos se será suficiente", concluiu, se referindo à extrema garra que demonstrava em campo como exemplo desta superação que pretende incutir em seus comandados.