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Em plena pandemia, cusparadas criam problema insano no Campeonato Argentino
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Acostumado a ser teatral, exagerado e cinematográfico, o Campeonato Argentino atual consegue se superar por uma razão nada nobre: os torcedores que lançam cusparadas nos jogadores em plena pandemia de covid-19.
O retorno do público aos estádios argentinos há duas semanas trouxe de volta aos gramados um hábito tão antigo quanto triste e medieval. Quem nunca viu uma partida do Boca Juniors na Bombonera com os policiais protegendo com escudos os atletas das salivas, isqueiros, cadeados e tudo mais?
Pois foi o Boca que sofreu no último sábado (16) com o cuspe alheio. Na fácil vitória fora de casa, por 3 a 0, sobre o Huracán, a partida foi interrompida duas vezes porque os torcedores do "Globo" —como é conhecido o Huracán— se penduraram nas grades para lançar cusparadas em direção aos jogadores xeneizes e ao técnico Sebastián Battaglia, que invadiu o campo e deu uma furiosa entrevista reclamando das "salivadas em plena pandemia".
É claro que o episódio em rede nacional, e com o time mais popular do país em campo, não ficaria só na agressão gratuita. Os diretores de todos os 26 times que integram a Série A argentina já conversaram entre si e prometeram agir em campanhas de conscientização dos torcedores que precisam entender a gravidade da covid-19 (sem falar na inevitável falta de educação, algo que não entra na cabeça de parcela da humanidade, do país que for).
No próprio fim de semana circulou a notícia de que o Palácio Ducó, o charmoso estádio do Huracán no bairro de Parque Patrícios, seria fechado justamente pelas cusparadas e pela necessidade de se dar uma resposta à sociedade, mas a possibilidade de interdição do Palácio, confirmou-se depois, seria pelo clube não cumprir o limite de 50% da capacidade —a TV sugere que cerca de 70% dos 48.314 assentos estavam ocupados.
Terror dos craques e goleiros
Quem acompanha o Campeonato Argentino há tempos sabe que a soma estádios acanhados + torcidas enlouquecidas gera cenas lamentáveis de goleiros e jogadores talentosos na bola parada levando cusparadas lamentáveis no rosto, no nariz e até na boca (pior que é verdade).
Muitas campanhas já foram ao ar nas TVs e redes sociais pedindo boas maneiras, mas a atualidade mostra que o mundo gira e a saliva não para.
Craques como Riquelme, Beto Alonso e Bochini até hoje respondem perguntas bizarras como "Qual a pior cusparada que recebeu?", institucionalizando como folclore uma atitude das mais repudiáveis.
Pior fazia o goleiro José Luis Chilavert em seus tempos de estrela do Vélez Sarsfield. Alvo ambulante durante os 90 minutos em que ficava próximo aos alambrados visitantes, em certo momento da carreira, ele passou a revidar e disparar cusparadas nos torcedores e nos jogadores que rondavam sua área.
Foi por isso —uma cusparada na cara— que ele levou a entrada criminosa do zagueiro Ruggeri em um Vélez x San Lorenzo, segundo a versão do argentino.
Como os próprios portenhos exclamam: "Mamita querida..."
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