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Quem é Ricardo Bochini, lenda que dará nome ao estádio do Independiente
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Hoje batizado oficialmente como Libertadores da América, o estádio do Independiente a partir de dezembro se chamará Ricardo Bochini. Pouco conhecido no Brasil entre os apaixonados por futebol especialmente das novas gerações, o maior nome da história do clube de Avellaneda é uma verdadeira lenda na Argentina.
Chamado de "El Bocha", ele ganhou com o Independiente dois Mundiais e cinco Libertadores nos anos 1970 e 1980. Conquistou, sozinho, mais que qualquer time do Brasil (São Paulo, Grêmio e Santos, com três, são os recordistas do país).
A carreira de Bochini seria espantosa pelas conquistas só. Mas teve mais. Suas glórias foram amealhadas em meio a distúrbios que estiveram perto de matá-lo.
''Bocha sempre teve baixas. Tudo psicológico'', contou o amigo e companheiro de Independiente Daniel Bertoni. ''Em um tempo, achava que tinha câncer. Corríamos mais atrás dele na concentração que atrás dos adversários em campo.''
Médicos do clube relatavam depressão e ataques de pânico - no exterior, piorava.
Os maiores troféus não aplacaram o olhar distante de Bocha, homem de um time só, o Independiente
A vida de Bocha ficou mais complicada depois de ser rejeitado pelos militares para a Copa de 1978 conquistada pela Argentina em casa. Seus cabelos despencaram.
Mesmo debilitado, jogou em grande nível até os 37 anos. Aos 32, conquistou a Copa do Mundo de 1986 no México com o pupilo e fã confesso Diego Maradona.
Homem de paz, Bocha foi venerado por fanáticos de outros clubes que iam ao Independiente só para vê-lo. Sua entrada na Copa de 1986 emocionou toda a Argentina.
A idolatria por Bocha é tamanha que ainda hoje, décadas depois de parar de jogar, inspira músicas como a do grupo Bersuit Vergarabat.
Bochini atualmente caça talentos para o Independiente e percorre a Argentina falando com jovens. Quando cita dificuldades, instrui e apoia, jamais lamenta.
Raramente menciona seus tratamentos. Contem os seus, pede. Em campo já era assim. Meio-campista, preferia servir o amigo, não fazer o gol.
''O que importa na vida e no esporte são a abertura e o carinho. As Copas que conquistamos foram importantes, mas essencial mesmo é desenvolver boas relações. É ouvir, respeitar, entender que todos têm dificuldades'', repete.
Hoje com 67, diz viver tranquilo. Só apertado com dinheiro.
Um país analisado
Escancarar a depressão é comum na Argentina, país de maior proporção de psicólogos por habitante em todo o mundo.
Fazer terapia é habitual como o mate ou a medialuna. Perguntar a uma criança abastada de Buenos Aires o que ela quer quando crescer é ouvir respostas como ''não sei, mas preciso fazer terapia''.
Livros, filmes, novelas e seriados suspendem o país desenvolvendo a relação sociedade e profissionais da mente.
Tal atenção se vê também no esporte. Conscientes que são referência para quem sofre, jogadores e técnicos tratam seus problemas com naturalidade. Ex-atleta e ex-treinador do River Plate, Matías Almeyda levantou esta bandeira há dez anos, entre vários outros exemplos.
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