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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Scocco sai de cena como craque na Argentina: por que no Inter foi tão mal?

Apresentação do atacante Nacho Scocco no Inter em 2013 - Divulgação Internacional
Apresentação do atacante Nacho Scocco no Inter em 2013 Imagem: Divulgação Internacional

Colunista do UOL

14/12/2021 10h06Atualizada em 14/12/2021 10h48

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Golaços, oportunismo em decisões e carrasco histórico do River Plate em cima do Boca Juniors. A carreira do atacante Ignacio "Nacho" Scocco chegou ao fim neste final de semana com o anúncio da sua aposentadoria. Aos 36 anos, ele defendia o Newell's Old Boys pela quarta vez.

Scocco ganhou uma merecida fama de craque na Argentina. Tal qual Dodô, foi o "artilheiro dos gols bonitos". O que chama atenção na sua trajetória é a apagada passagem pelo Internacional em 2013, quando tinha 28 anos, idade em que os atletas profissionais costumam viver o auge.

Um ano, uma noite

Scocco brilhou pelo River Plate ao marcar cinco gols em único jogo de Libertadores — nos 8 a 0 contra o Jorge Wilstermann pelas quartas de final de 2017. Como observou o colega Marinho Saldanha aqui no UOL Esporte, apenas esta atuação foi mais goleadora que todos os seus 21 jogos pelo Colorado, quando somou quatro gols entre julho de 2013 e janeiro de 2014.

O atacante chegou com pompa de estrela a Porto Alegre. Cerca de 200 torcedores encararam o frio de 3ºC para recebê-lo no aeroporto. Scocco seria o terceiro argentino de um elenco que contava também com Andrés D'Alessandro e Pablo Guiñazú, além do uruguaio Forlán. O técnico era Dunga.

A estreia de Scocco foi em 9 de agosto, contra o Atlético-PR, e quatro dias depois fez dois gols contra o Botafogo. A empolgação durou pouco, pois o atacante logo sofreu diversas lesões, uma inimiga constante em sua carreira (por isso ele não atuou na final da Libertadores-2018 pelo River contra o Boca).

"Sem adrenalina"

Foi neste período de recuperação no Inter que Scocco passou a ser motivo de chacota. A caixa de areia utilizada para seus exercícios ganhou o nome de "Caixa de Areia Nacho Scocco".

O atacante então demonstrou outra faceta comum em sua trajetória: perder o interesse com facilidade.

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Scocco ri pelo River Plate, para fúria da torcida do Boca na Bombonera
Imagem: Marcos Brindicci/Reuters

Passou a reclamar do futebol brasileiro e pedir com frequência para voltar à Argentina, gerando desgaste com a diretoria. O ponto final veio na apresentação para a temporada 2014, quando demorou para retornar e assumiu publicamente que "não tinha adrenalina para jogar no Brasil".

Sem opções, o Inter o vendeu ao Sunderland, da Inglaterra, por R$ 16,5 milhões. O valor continha também uma parcela da dívida do Colorado com o Newell's — o atraso gerou uma celeuma jurídica, com o clube de Rosário pedindo a volta imediata do atacante que sequer atuava pelo Colorado.

Scocco não durou tampouco na Inglaterra. Ele assinou um contrato de 30 meses, mas entrou em campo apenas oito vezes antes de voltar ao Newell's ainda em julho de 2014. Ficou em Rosário até 2017, quando integrou o River Plate campeão de tudo com Marcelo Gallardo, vivendo seu auge técnico e voltando ao Newell's em junho de 2020, para agora encerrar a carreira.