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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Por que as promessas brasileiras valem praticamente o dobro das argentinas?

Julián Álvarez comemora gol do River Plate contra o San Lorenzo - Divulgação CARP
Julián Álvarez comemora gol do River Plate contra o San Lorenzo Imagem: Divulgação CARP

Colunista do UOL

24/01/2022 09h49Atualizada em 24/01/2022 10h17

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Aos 21 anos, Julián Álvarez está a caminho do Manchester City. Eleito o "Rei da América" no ano passado, o atacante do River Plate é apontado como o melhor nome em atividade no Campeonato Argentino e deve deixar aos cofres do clube de Núñez algo em torno de 18 milhões de euros livres (R$ 111,3 milhões).

A cifra é expressiva — as vendas recordes na Argentina são as de Sergio Agüero ao Atlético de Madri em 2006 (24 milhões de euros) e Lautaro Martínez à Inter de Milão em 2018 (25 milhões de euros).

Quem traz uma interessante análise sobre as saídas das promessas argentinas à Europa neste começo de semana é o diário "Olé". No levantamento publicado pelo jornal, há a comparação do valor da venda de Julián Álvarez com jogadores brasileiros que sequer haviam terminado de explodir, como Vinicius Júnior, que saiu do Flamengo para o Real Madrid em 2017 por 45 milhões de euros e apenas 17 anos.

Outro exemplo do Real? Rodrygo, com 19, que também custou 45 milhões de euros para deixar o Santos em 2018.

Outros nomes lembrados pelo "Olé" foram Lucas Moura (do São Paulo ao PSG por 43 milhões de euros em 2012) e Arthur (26 milhões de euros do Grêmio ao Barcelona) — diferenças brutais para Ángel di María (do Rosario Central ao Benfica por 8 milhões de euros em 2007), Gonzalo Higuaín (do River ao Real por 15 milhões de euros em 2006), Leandro Paredes (6 milhões de euros do Boca à Roma em 2013) e Lucas Alario (do River ao Bayer Leverkusen por 17 milhões em 2017). Os valores são os "líquidos", descontando impostos e taxas.

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Vinícius Jr., exemplo de bom futebol e de fartura nas transferências do mercado da bola
Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian

E as razões?

Uma das principais justificativas para esta disparidade é evidente realidade financeira. O levantamento do "Olé" traz como uma das conclusões que um time argentino se livra mais facilmente das suas promessas por valores mais baixos — o que não ocorre com um clube brasileiro, que começa a discutir a transferência apenas por quantias mais elevadas.

Outro exemplo mostrado pelo jornal é o dinheiro que ronda o futebol brasileiro, cerca de três vezes maior que o argentino em premiações e direitos de TV, o que os empresários chamam de "valor da vitrine". Da mesma maneira que um clube grande vende uma promessa por uma quantia bem acima da de um clube menor, isso também ocorre com ligas mais fortes e fracas.

A qualidade posterior demonstrada em campo entre brasileiros e argentinos é sim equivalente. O "Olé" cita por fim o exemplo de Lionel Messi, há mais de uma década na elite mundial, e o título argentino na Copa América para demonstrar a capacidade esportiva dos jogadores do país. E os argentinos seguem, ainda assim, valendo praticamente a metade dos brasileiros quando o assunto é a transferência dos seus prodígios.