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Detonado na França, Messi, quem diria, agora é mimado na Argentina
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A bola rola e a vida muda, mesmo aos 34 anos e sendo Lionel Messi. O argentino de fato vive um 2022 dos mais atípicos na sua lendária carreira. Enquanto brilhava e era venerado no Barcelona, até o ano passado, era detonado na Argentina pela falta de brilho na seleção. Agora no Paris Saint-Germain, a situação simplesmente se inverteu.
A imprensa portenha passou a quarta-feira escorraçando as críticas do jornal francês"L'Équipe" a Messi. O craque argentino perdeu um pênalti na vitória do PSG contra o Real Madrid, anteontem, por 1 a 0, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões. Parou em Courtois quando a partida estava empatada sem gols e recebeu nota 3 do veículo francês.
"Há algo triste em vê-lo assim. No primeiro tempo, nesta posição quase como meio-campista, o argentino esteve presente, mas errou. No um contra um, ele sofreu o impacto atlético. Seu segundo tempo foi melhor, mas pesa em sua nota as tentativas erradas ou bloqueadas e o pênalti defendido. Esse Messi é preocupante", escreveu o" L'Équipe".
Estridência portenha
A resposta em Buenos Aires foi tão ácida quanto a avaliação do "L'Équipe". O equivalente argentino "Olé" classificou a nota de "absurda", e publicou uma análise em seu site dizendo que o jornal refletia a insatisfação do torcedor, mas não o desempenho de Messi em campo. Até um clipe da atuação de Lionel circulou nas redes sociais e nos portais para rebater a avaliação do "L'Equipe".
Na ESPN, o F90, principal programa de debates do país, abriu a atração analisando justamente o que classificaram de "destrato" e como tal nota 3 não fazia sentido. A rigorosa troca de ideias durou 12 minutos.
O tom foi seguido tanto pelas principais rádios, a La Red e a Mitre, nas transmissões dos jogos de Boca e River à noite, e também pelo agora streamer Kun Agüero, que no melhor estilo "não mexa com meu amigo", disparou ao vivo, contra o "L'Equipe": "São uns idiotas".
Como era
Até o título da Argentina na Copa América do ano passado, era comum ler e ouvir na imprensa argentina pesadas críticas a Messi — uma ala dos comentaristas do país até defendia abertamente que ele deveria deixar de vestir a camisa da seleção, o que ele fez depois de perder a Copa América de 2016 para o Chile. Insultos como "cagão" eram comuns e até considerados leves perante outras barbaridades.
Tal disparate chocava os estrangeiros. Um deles foi o italiano Daniele De Rossi, ex-volante do Boca, que fez uma profunda análise ao falar sobre as críticas que Messi sofria na Argentina por nunca ter conquistado um título com a seleção.
"Se na Itália você diz que na Argentina eles chamam Messi de 'peito frio' ('pecho frio', expressão em castelhano para chamar um jogador de apático), as pessoas aqui dão risada e não entendem nada. Como podem dizer 'pecho frio' a Messi?", disse De Rossi em entrevista ao jornal "La Nación".
"Existem pessoas que têm coragem de dizer 'pecho frio' a Messi atrás de um computador e depois não têm coragem de pedir à esposa o controle da TV para mudar de canal. Eles chamam de 'pecho frio' quem marcou mais de 1000 gols em sua vida. Ninguém como ele se acostumou a gostar do amor das pessoas e também a suportar as críticas, muitas vezes injustas", acrescentou o italiano.
De Rossi dizia que era visto como herói na Itália por ter conquistado a Copa do Mundo de 2006 nos pênaltis, enquanto Messi era criticado na Argentina por ter perdido duas finais seguidas da Copa América, também nas penalidades.
"Ele perdeu duas finais da Copa América nos pênaltis, e eu sou campeão mundial nos pênaltis. Ele é um 'pecho frio' na Argentina, e eu sou um herói, junto com meus companheiros, por ter vencido a Copa de 2006. E qual é a diferença? 5 centímetros. Não pode ser, eu me recuso. Gostaria que as pessoas se lembrassem que, muitas vezes, é ele quem carrega todo o time nas costas."
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