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Tales Torraga

REPORTAGEM

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40 anos hoje: Quem é o técnico que foi combatente na Guerra das Malvinas

Omar de Felippe, técnico que foi combatente na Guerra das Malvinas - Reprodução NOB
Omar de Felippe, técnico que foi combatente na Guerra das Malvinas Imagem: Reprodução NOB

Colunista do UOL

02/04/2022 04h00

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No dia 2 de abril de 1982, há exatos 40 anos, começava a Guerra das Malvinas, entre Argentina e Reino Unido, pela soberania das ilhas do Atlântico Sul. O então ditador argentino Leopoldo Galtieri ordenava a invasão do arquipélago, sob domínio britânico desde 1833, numa última tentativa de recuperar o espírito nacionalista e salvar o regime militar vigente no país.

O saldo final foi desastroso para os argentinos. Os soldados enviados para as Malvinas não estavam preparados para uma guerra. No total, 903 pessoas morreram nos 45 dias de batalha — 649 argentinos, 255 britânicos e três civis.

A coluna traz agora a história do argentino Omar De Felippe (que ainda por cima completa 60 anos exatamente amanhã, 3 de abril).

O horror na pele

De Felippe ainda sente na pele os gritos e os ruídos da Guerra das Malvinas na qual foi combatente. Tinha só 20 anos. ''Estava sentando, rezando para não cair uma bomba'', relembrou em entrevista ao UOL Esporte em 2016. ''Você vê alguém morrendo e é como se não acontecesse nada.''

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Omar de Felippe assinalado em meio à Guerra das Malvinas
Imagem: Arquivo pessoal

Era 7 de abril de 1982. De Felippe jogava nas inferiores do Huracán quando foi chamado pelo Exército. Poucos dias depois, desembarcou em Isla Soledad e caminhou 13 quilômetros sinuosos e frios para chegar a Puerto Argentino.

Não se feriu com gravidade nos dois meses em que lá esteve. Escapou de morrer. Seu capitão o mandou deixar a sua posição poucos segundos antes de ali cair uma bomba.

Mais memórias: ''Quando a guerra acabou, caminhamos uns oito quilômetros de caos. Seguiam disparando. Houve feridos e mortos''.

''Falar das Malvinas me custou quase sete anos. Não tinha claro o que contar.''

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Omar de Felippe, técnico que foi combatente na Guerra das Malvinas, em foto recente
Imagem: Arquivo pessoal

''Devo homenagear os companheiros que voltaram e os que ficaram lá. É importante que não se esqueça. E que as novas gerações saibam.''

''Sempre digo que, além da família, o futebol me salvou a vida. A cada dia depois de voltar, era a minha motivação para seguir.''

Uma outra forma de luta

O argentino luta hoje de outra forma — para encontrar um clube para trabalhar depois de ser demitido do Atlético Tucumán em outubro de 2021. Respeito não lhe falta. Ele é aplaudido até pelas torcidas adversárias quando entra em campo.

Omar é treinador desde 2009. Seu trabalho de maior expressão com o gigante Independiente de Avellaneda, em 2013 e 2014 na Série B da Argentina. Ascendeu e deixou o "Rojo" em seu lugar. Foi homenageado em todo o país pelo feito e pela sua trajetória. Além do Independiente, treinou também o Vélez Sarsfield (2016 a 2017) e o Newell's Old Boys (2018).

E quem imagina algum jogador fazendo "corpo mole" com ele?