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Argentinos criam 'vaquinha' para arrematar camisa histórica de Maradona
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Uma pergunta sobrevoou a Argentina nas últimas décadas: por que a camisa dos lendários gols de Diego Maradona contra os ingleses em 1986 ficava justamente na Inglaterra, e não em Buenos Aires?
Pois o artigo de luxo, sem dúvida um dos itens mais importantes da história do esporte mundial, está a caminho da capital portenha. É o que promete um grupo de apaixonados — e não convém duvidar da paixão, ainda mais argentina.
A iniciativa está ganhando forma porque Steve Hodge, meio-campista da Inglaterra que trocou a camisa com Maradona, resolveu leiloar a sua relíquia. Em parceira com a Sotheby's, famosa casa inglesa de leilões, ele espera faturar até US$ 8 milhões (cerca de R$ 37,6 millhões) na peça. Os lances serão abertos em 20 de abril.
Tendo como meta US$ 10 milhões (R$ 47 milhões), o influenciador digital argentino Santiago Maratea, famoso por arrecadar fortunas para obras beneficentes ou questões ligadas ao meio ambiente, já une forças com colegas do meio para chegar a este valor e assegurar que a camisa de Maradona possa descansar em paz em solo argentino.
"Por US$ 10 milhões a compramos tranquilamente. Para isso, dois milhões de pessoas precisam doar 2 mil pesos [R$ 84]", calculou Maratea ao canal de TV TyC Sports, dizendo que nesta semana a iniciativa vai decolar para chegar a tal valor.
É ela ou não?
Como tudo o que envolve Maradona gera discussão, a sua camisa contra a Inglaterra também gerou idas e vindas na semana passada em Buenos Aires.
Assim que soube da iniciativa do leilão, Dalma Maradona, filha mais velha do astro, disse na Radio Metro, na qual trabalha como comentarista, que a camisa era uma mentira, e que a peça original estava com a família.
"Diego jamais permitiria este leilão, seja da camisa do primeiro ou do segundo tempo. Que este ex-jogador faça isso é deprimente", completou Claudia Villafañe, ex-mulher do craque. "Não se faz isso com a simples gentileza entre esportistas. A não ser que este valor seja para caridade."
Em resposta ao questionamento de Dalma, a Sotheby's emitiu um extenso comunicado provando que sua camisa é real — por fotos, comprovava imperfeições no escudo, na manga e na gola que garantiam a autenticidade da peça que esteve exposta no Museu do Futebol de Manchester desde 2003.
Por toda sua vida, segundo Dalma, Diego Maradona garantiu à família que a camisa de Hodge era a do primeiro tempo — seus dois históricos gols saíram na segunda metade.
Agora, com o laudo da Sotheby's, a família começou a se convencer de que a versão de Maradona foi, na verdade, uma "gambeta", como os argentinos chamam o drible (e um despiste para encerrar o assunto).
Um mistério eterno, este Maradona.
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