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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Como Rincón comandou a Colômbia na pior humilhação da história da Argentina

Freddy Rincón deixa a Argentina no chão pelas Eliminatórias em 1993 - Reprodução web
Freddy Rincón deixa a Argentina no chão pelas Eliminatórias em 1993 Imagem: Reprodução web

Colunista do UOL

12/04/2022 09h49

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O ex-volante Freddy Rincón segue em estado crítico após acidente de carro, de acordo com o hospital Clínica Imbanaco. "Rincón continua com medidas avançadas de suporte. Seu estado segue muito crítico. Seu prognóstico não mudou por enquanto, considerando a delicada evolução que vem apresentando", disse Laureano Quintero, médico do hospital colombiano.

Ídolo do Corinthians, Rincón foi um dos maiores nomes da história da seleção da Colômbia, disputando três Copas do Mundo (1990, 1994 e 1998) e comandando a equipe em seu maior feito, o histórico 5 a 0 imposto à seleção argentina em pleno Monumental de Núñez.

Tensão e presságio

O jogo ocorreu em um domingo, 5 de setembro de 1993. A poucos minutos do apito inicial, o piloto de um Boeing MD-83 das Aerolíneas Argentinas teve uma "brilhante" ideia: a fim de entreter seus passageiros, desviou-se de sua rota e realizou um maluco rasante sobre o estádio do River Plate. "O avião deu uma barrigada, depois acelerou os motores e voltou a subir", relatou um espectador.

"Todos ficamos boquiabertos. Imagino o cagaço de quem estava na tribuna San Martin Alta ao ver aquele avião vindo para cima. Passou muito perto."

Os 70.000 torcedores que já enchiam o Monumental escaparam por pouco de uma desastrosa colisão. A seleção não teve a mesma sorte.

Em uma vitória de proporções épicas, a Colômbia atropelou sem piedade uma débil e indefesa Argentina que surpreendeu com a pobreza de seu futebol mesmo com jogadores experientes e de vitoriosas carreiras como Goycochea, Ruggeri, Simeone, Redondo e Batistuta.

A picardia colombiana de Faustino Asprilla, a cadência de Carlos Valderrama, a potência de Rincón, o "olé" do público contra a própria equipe e as loucas vaias ao final do jogo seguem muito lembradas em Buenos Aires.

O primeiro gol foi exatamente de Rincón, aos 41 minutos do primeiro tempo. Asprilla (dois) e Valencia também anotaram os seus. Em uma atuação histórica, mesclando entrega, força, rapidez e enorme categoria, Rincón anotou mais um, aos 27 minutos do segundo tempo. Passou por cima de um volante igualmente famoso como o argentino Fernando Redondo, então a caminho do Real Madrid.

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Histórica capa da revista "El Gráfico" protesta a vergonha argentina em 1993
Imagem: Reprodução

Patrimônio cultural

Mais do que uma goleada, o 5 a 0 virou uma humilhação nacional argentina.

A façanha colombiana, levada a cabo no palco da maior conquista esportiva da história argentina, sobreviveria e muito aos 90 minutos regulamentares.

"VERGONHA!", estampou a revista El Gráfico naquela que talvez tenha sido a capa mais famosa de sua quase centenária trajetória. Sobre um fundo preto, a indignada exclamação era seguida por algumas afirmações e interrogações.

Com Maradona em campo (estava na tribuna do Monumental na goleada colombiana), os argentinos arrancaram um empate na partida de ida da repescagem intercontinental contra os australianos, 1 a 1, em 31 de outubro, em Sydney.

Duas semanas depois, no duelo de Buenos Aires, o craque foi a referência de tranquilidade no jogo mais nervoso da seleção em décadas. O gol da classificação veio chorado, aos 15 minutos do segundo tempo, em um cruzamento de Batistuta que desviou no marcador, ganhou altura e fez uma parábola para encobrir o goleiro Zabica. A Argentina e Maradona estavam na Copa de 1994.

A Colômbia e Rincón também. Foram eliminados na primeira fase em um grupo com Suíça, Estados Unidos e Romênia. A Argentina, já sem Maradona, suspenso por doping, caiu nas oitavas justamente ante a Romênia.