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Tales Torraga

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sorín, Doval, Tevez? Foi D'Alessandro o maior argentino a jogar no Brasil

D"Alessandro comemora seu 96º gol com a camisa do Inter - Reprodução/Twitter Internacional
D'Alessandro comemora seu 96º gol com a camisa do Inter Imagem: Reprodução/Twitter Internacional

Colunista do UOL

18/04/2022 04h00

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Foram 529 jogos e 13 temporadas vestindo a mesma camisa. E não estamos falando das antigas. E sim de agora, quando um atleta mal fica 13 meses no mesmo clube — quanto mais 13 temporadas.

O adeus de Andrés D'Alessandro ao Inter representou o fim da melhor e mais fascinante trajetória de um jogador argentino nos gramados brasileiros.

A escolha, claro, não desconsidera outros grandes que passaram pelo país, mas a idolatria vermelha transpirada por D'Alessandro desde 2008 não encontra paralelos nem em Tevez e Sorín, praticamente seus contemporâneos, nem em Ramos Delgado, Roberto Perfumo, Narciso Doval e José Poy, para ficarmos só em quatro exemplos do futebol mais distante.

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D'Alessandro: brilhante carreira no Internacional
Imagem: GettyImages

Uma vida

O primeiro a se ponderar é a quantidade de jogos — as 529 partidas de D'Ale pelo Inter deixam muito para trás Tevez (78 pelo Corinthians) e Sorín (127 no Cruzeiro).

Impressiona saber que Poy foi goleiro do São Paulo por 525 jogos (entre 1948 e 1962, e ainda seria técnico por mais 422). Enquanto Poy conquistou títulos paulistas, D'Alessandro foi campeão da Libertadores, da Sul-Americana e da Recopa, e honrou como ninguém no Brasil o lema argentino de estar "en las buenas y en las malas mucho más". Levantou as taças mais importantes, mas também amassou o barro da Série B em 2017.

O segundo a se considerar é a verdadeira loucura colorada por D'Alessandro por ele ter vivido como ninguém a rivalidade Gre-Nal, a maior do Brasil (até pela sua experiência no River x Boca).

Sorín e Tevez chegaram perto deste nível de adoração, mas dificilmente alguém colocaria Carlitos entre os grandes da história do Corinthians — muito pela maneira como saiu em 2006, mandando a torcida calar a boca e praticamente fugindo do clube.

Sorín foi querido demais pelos cruzeirenses, a torcida até comemorou um gol seu pela seleção argentina contra o Brasil no Mineirão, mas suas conquistas (Copa do Brasil, Sul-Minas e Mineiro) não se equiparam às de D'Alessandro, que ainda foi eleito o melhor jogador da América do Sul (em 2010) justamente pelo Inter.

Hoje, raramente um colorado não crava D'Alessandro entre os três maiores ídolos da história do clube, ao lado de Falcão e Fernandão. No Cruzeiro, Sorín está entre os três? Fica a pergunta.

Tevez, Poy, Conca, Montillo (Sastre, Doval, Fillol, Cejas, Delgado, Andrada...) não tiveram tal magnitude.

Meu momento preferido de D'Alessandro pelo Inter? Sua batalha contra o Boca de Riquelme pela Sul-Americana de 2008. Foi ali, despachando os xeneizes, e colocando o dedo na cara de Viatri, Gaitán e Dátolo em plena Bombonera, que a torcida do Inter começou a colocar D'Alessandro no coração.

Para não sair nunca mais. O gol de ontem, aos 41 anos, foi o ponto final perfeito.