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Lembra dele? Carlos Amarilla hoje é personal trainer e ensina a se superar
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Corinthians e Boca Juniors fazem amanhã (26), na Neo Química Arena, o principal confronto da fase de grupos da Libertadores da América. O clássico das 21h30 (de Brasília) traz no passado um personagem que não é nem da Argentina e nem no Brasil: trata-se do ex-árbitro paraguaio Carlos Amarilla, responsável pelos erros que tiraram o Corinthians da Libertadores de 2013.
Na ocasião, Corinthians e Boca se enfrentaram no Pacaembu no confronto de volta das oitavas de final (a ida na Bombonera terminou 1 a 0 para o Boca). Amarilla não deu dois pênaltis e anulou mal um gol marcado pelo Corinthians. O jogo terminou 1 a 1, gols de Riquelme (Boca) e Paulinho (Corinthians).
Outra vida
Amarilla tinha 42 anos quando comandou aquele desastroso Corinthians x Boca, cujas escutas telefônicas em 2015 geraram grandes suspeitas (ler abaixo).
Árbitro internacional desde 1997, o paraguaio foi responsável por jogos decisivos, como os dois títulos do Brasil sobre a Argentina na Copa América (2004 e 2007), além de trabalhar também na Copa do Mundo de 2006. Os erros contra o Corinthians na Libertadores-2013 custaram sua presença nos jogos importantes. Em 2015, logo depois do escândalo das escutas, ele foi afastado da arbitragem até do Campeonato Paraguaio. Retornou semanas depois, e encerrou a carreira em 2017.
Depois, auxiliou a implantação do VAR no Paraguai em 2020 e foi comentarista de arbitragem na Rádio Universo, de seu país. Descrito pelos colegas como "simpático e sociável", ele aproveitou o meio de comunicação para aumentar a clientela naquele que hoje se tornou seu principal ramo de atividade. Amarilla, aos 51 anos, é personal trainer, abastecendo com frequência uma página no Facebook com o seu trabalho ("Carlos Amarilla Entrenamiento Personalizado"). A última postagem é da semana passada.
O ex-árbitro dá aulas em uma academia na cidade de Ñemby, na Grande Assunção, mostrando que se "fascina pelo desenvolvimento mental e por oferecer métodos de superação, mais que transformar corpos". "Superação" é palavra-chave em suas publicações. Amarilla defende que a "alimentação precisa ser intercalada com a ingestão de líquidos como chá", e mostra aulas em grupo e individuais, "para alunos de todos os gêneros e faixas etárias".
O corintiano que ousar hostilizá-lo deve tomar cuidado. Amarilla hoje demonstra uma chamativa hipertrofia muscular, sendo uma versão paraguaia do árbitro brasileiro Anderson Daronco. Nada, porém, que evite o xingamento virtual. Segundo relatos postados por torcedores nas redes sociais, o número de Amarilla vazou em grupos corintianos no WhatsApp, e eles fizeram questão de xingá-lo por mensagens e áudios repletos de palavrões pela desastrosa noite de nove anos atrás.
A coluna entrou em contato com Amarilla, mas não houve resposta. Caso seja enviada, este texto será atualizado.
E as escutas?
O escândalo estourou em junho de 2015. E tanto foi assim que a FPF (Federação Paraguaia de Futebol) afastou Amarilla de todos os campeonatos organizados pela entidade. Em comunicado oficial, a FPF informava que o juiz ficaria sem atividade até a apuração da veracidade do material revelado após escutas telefônicas. Semanas depois, sem avanços, ele retornou ao apito.
Uma das conversas exibidas pelo programa "La Cornisa", da TV America, da Argentina, levantava suspeitas sobre a arbitragem de Amarilla contra o Corinthians. O diálogo em questão envolvia Julio Grondona, então presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), morto em 2014, e Abel Gnecco, representante argentino no comitê de árbitros da Conmebol, e se dava em 17 de maio de 2013, dois dias depois de o Boca eliminar o Corinthians no Pacaembu.
Na conversa gravada, Gnecco relata como foi a decisão pela escolha do juiz paraguaio. Ele conta que o acordo foi feito com Carlos Alarcón, representante paraguaio na Comissão de Árbitros da Conmebol que lhe teria ligado para oferecer Amarilla para apitar o duelo válido pela Libertadores.
"Estive falando com Alarcón e ele me disse: 'Estão querendo o Amarilla aí na Argentina?'", começa Gnecco no relato a Grondona. E ele teria respondido ao paraguaio: 'Olha, se querem eu não sei, eu quero. Coloque ele e deixe de me encher o saco. Alarcón, ponha o Amarilla e deixe de me ferrar'.
Gnecco continua seu relato para Grondona, comemorando a decisão: "Bom, foi assim, ele colocou... E saiu bem porque, bem, tem de ser assim".
A conversa era uma das 11 reveladas pelo programa de TV, que teve acesso às escutas usadas em uma investigação que começou em 2012 e teria investigado de sonegação de impostos em negociações de jogadores a manipulações no futebol.
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