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Tales Torraga

REPORTAGEM

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O que Maradona fazia vestindo uma camisa metade Corinthians e metade Boca?

Colunista do UOL

25/04/2022 04h00

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Corinthians e Boca Juniors fazem amanhã (26) o principal confronto da fase de grupos da Libertadores da América de 2022. Clubes de vasta torcida no mundo todo, os dois gigantes se encontram na Neo Química Arena, às 21h30 (de Brasília), com um extenso passado conjunto. A história que contamos agora foi publicada aqui mesmo na coluna em setembro do ano passado, e a véspera do clássico sul-americano é a ocasião propícia para resgatá-la.

Tudo porque Diego Armando Maradona, em mais uma sequência de fatos inéditos sobre o seu turbulento passado, foi mostrado vestindo uma camisa que mesclava os uniformes de Corinthians e Boca Juniors.

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Diego Maradona em 2000 com uma camisa misturando Corinthians e Boca Juniors
Imagem: Reprodução TV

O resgate ocorreu com as declarações da cubana Mavys Álvarez, que tinha apenas 16 anos quando foi namorada do craque argentino, em 2000. Era ela que estava ao lado do Maradona "meio corintiano e meio xeneize".

"A vida com Maradona era muito louca: festas, boates. Nunca imaginei que mais tarde iria entrar nas drogas das quais me custou tanto trabalho para sair", disse Mavys à América Tevé, dos Estados Unidos."Ele era um estrangeiro, um homem rico. Fiquei deslumbrada. Foi uma relação consensual."

Para ilustrar o questionado romance, as TVs argentinas mostraram fotos da época com Maradona vestindo a famosa camisa do "Bocorinthians", como os argentinos chamavam a junção do Boca Juniors e do Corinthians. O craque, de então 39 anos, foi clicado em agosto de 2000, quando estava internado em Havana para curar-se da sua dependência de drogas e de seus problemas cardíacos.

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Taça Libertadores da América, 2000: o ex-jogador Maradona em São Paulo para a partida entre Boca Juniors e Palmeiras em 21 de junho de 2000
Imagem: Rubens Chiri/Reuters

Como a camisa apareceu?

"Era muito comum vê-lo com roupas esportivas porque a atividade física era cotidiana para ele, uma parte do tratamento", contou à coluna Mariano Israelit, amigo de longa data de Maradona e que o acompanhava em Cuba na ocasião.

"Uma das coisas que marcaram aquele período é que gente do mundo todo aparecia lá para dar presentes e para apoiar Maradona em sua recuperação, e essas camisas foram entregues por torcedores argentinos do Boca que estiveram no Morumbi naquela decisão de Libertadores. Nada além."

"O engraçado é que da maneira que a camisa chegava, Diego a retirava. Ele sempre dava roupas de presente, dificilmente conservava alguma peça."

Quem é mais novo talvez custe a acreditar, mas tais camisas "divididas" eram comuns em São Paulo na virada do milênio.

Por conta da rivalidade entre Corinthians e Palmeiras, a torcida alvinegra dava um jeito de espetar o adversário usando até mesmo as cores do clube argentino que enfrenta amanhã — a história foi destrinchada ontem (24).

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Diego Maradona é transportado em ambulância para hospital em Buenos Aires, acompanhado pela mulher, Claudia Villafane, em 9 de janeiro de 2000, após ficar 5 dias internado em hospital no Uruguai para tratar dependência química
Imagem: France Presse: AFP/France Presse- AFP

A internação em Cuba

Maradona chegou à clínica La Pradera, em Havana, em 18 de janeiro de 2000, e recebeu alta no princípio de setembro daquele ano. Era um convite do presidente cubano, Fidel Castro.

Uma das peculiaridades do tratamento era que Maradona tinha liberdade de ir e vir. Numa das saídas, tentou se suicidar jogando seu carro contra um ônibus.

Diego e seu séquito de amigos ocuparam duas casas da clínica La Pradera, contando com cinco médicos e cerca de 30 outros profissionais, como enfermeiras e professores de educação física —o local ficava praticamente vazio no meio do ano devido às férias. O preço estimado: US$ 4.000 por mês.

Maradona deixou Cuba para participar do jogo de despedida do líbero Matthäus na Alemanha, em partida que marcou um gol de falta em 26 de maio.

Esteve no Brasil também, em 21 de junho, comentando para o canal PSN a final da Libertadores da América, entre Boca e Palmeiras. O astro vibrou loucamente com o título de seu time na decisão por pênaltis.