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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Quem é o 'Gigolô' que fez o River de Gallardo passar vergonha na Argentina

Técnico do Tigre, Diego Martínez é conhecido na Argentina como "Gigolô" - Divulgação Tigre
Técnico do Tigre, Diego Martínez é conhecido na Argentina como "Gigolô" Imagem: Divulgação Tigre

Colunista do UOL

12/05/2022 08h40

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O River Plate de Marcelo Gallardo foi eliminado ontem (11) nas quartas de final do Campeonato Argentino (versão Copa da Liga Profissional). No Monumental de Núñez superlotado, com mais de 80.000 torcedores, o gigante portenho deixou o campo envergonhado e derrotado pelo nanico Tigre por 2 a 1.

A noite em Núñez terminou com enorme festa dos valentes jogadores do "Matador", como é conhecida a equipe vermelha e azul, treinada por um dos técnicos mais folclóricos do futebol vizinho: Diego Martínez, cujo apelido "Gigolô" é mais repetido e conhecido que seu próprio nome.

Martínez tem 43 anos e foi responsável por devolver o Tigre à Série A da Argentina no ano passado. O apelido de "Gigolô" não tem a ver com a definição dos dicionários em português: "homem que vive à custa de amante, geralmente mais velha". O técnico lembra muito um personagem mediático argentino conhecido demais como "Gigolô" (cujo nome é Javier Bazterrica).

Com visual de jogador de pólo e sempre ao lado de mulheres esculturais, Javier foi acusado em 2015 de enganar a irmã de um famoso ator de teatro, que teria lhe repassado indevidamente 5 mil dólares. Hoje, trabalha como DJ nas cidades ao redor de Buenos Aires e continua com seus passos devidamente seguidos pelas revistas e portais de fofocas na Argentina.

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Diego Martínez, técnico do Tigre
Imagem: Divulgação Tigre

O técnico do Tigre, por sua vez, não pode ser acusado de enganar ninguém depois de impor ao River de Gallardo um dos seus maiores vexames recentes.

A experiência de Martínez no Tigre é a sua segunda no futebol profissional. Em 2020, ele treinou o Godoy Cruz, de Mendoza, mas deixou a equipe depois de apenas nove jogos. Com o Tigre desde então, conseguiu construir um time de raça e muito oportunismo.

E para deixar a história ainda mais triste para o River, Martínez começou a carreira justamente nas divisões de base do Boca Juniors — e os dois autores dos gols de ontem, Retegui e Colidio, também foram revelados pelo clube xeneize.

O Tigre é hoje uma espécie de filial do Boca — muito pelo fato de Juan Román Riquelme, vice-presidente de futebol do gigante azul e ouro, viver perto da sede do Tigre. O clube leva este nome justamente pela proximidade com o idílico rio Tigre, dos destinos mais agradáveis dos arredores de Buenos Aires.

Defesa afunda River

O River de Gallardo deixou o Campeonato Argentino com um sabor dos mais amargos. O time que tanto ataca mostrou, mais uma vez, uma preocupante fraqueza em sua retaguarda.

O goleiro Franco Armani tem brilhado, como contra o Fortaleza na semana passada, mas justamente porque os zagueiros e volantes não andam bem. Tampouco os laterais. Andrés Herrera, reforço pela direita, tem sido apenas razoável, e o discreto Casco, pela esquerda, é sim eficiente — e só. Elías Gómez, contratado para o seu lugar, nem isso.

Alvo do Palmeiras no ano passado, o zagueiro David Martínez não tem sido o mesmo desde que voltou de lesão, há dois meses. E o chileno Paulo Díaz, que vinha se destacando, falhou feio ontem e entregou o segundo gol ao Tigre.

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Zagueiro do River Plate, Paulo Díaz erra e dá gol a Tigre
Imagem: Reprodução TV

Este River tampouco tem zagueiros reservas que possam ajudar Gallardo. Os veteranos Jonathan Maidana (36 anos) e Javier Pinola (39) estão em fim de carreira. Leandro González Pirez, de erro crasso contra o Boca, é muito questionado, e Emmanuel Mammana nem isso. Mal fisicamente, ele é o reforço que menos tem atuado na temporada.

O River volta a jogar na Libertadores na próxima quinta (19), contra o Colo Colo, de novo no Monumental. A equipe de Gallardo lidera o Grupo F, com 10 pontos. Com mais um, se classifica matematicamente às oitavas de final.

Como anda o Campeonato Argentino

A Copa da Liga Profissional já está na semifinal. No sábado, Racing e Boca se enfrentam às 17h (de Brasília), no estádio do Lanús, pela obrigatoriedade do campo neutro. Cada torcida vai ocupar metade da arquibancada. Quem ganhar, passa para a final; em caso de empate, pênaltis.

Boa notícia para o Corinthians. O Boca chegará à Libertadores arrastando o cansaço de duas decisões na Argentina em menos de uma semana.

Já o Racing está voando. Humilhou o Aldosivi por 5 a 0 anteontem, em uma das maiores noites de loucura recente do Cilindro de Avellaneda. A torcida saltava e chorava nas arquibancadas repletas. Deu gosto de ver.

Muitos apostavam que o outro confronto pelas semifinais seria River x Estudiantes. Mas vai ser Tigre x Argentinos Juniors, no domingo, às 16h (de Brasília), no Palácio Ducó, estádio do Huracán.