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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Por que argentinos falam que a seca do Boca vem da magia negra brasileira?

Estádio da Bombonera, casa do Boca Juniors - Travel Buenos Aires
Estádio da Bombonera, casa do Boca Juniors Imagem: Travel Buenos Aires

Colunista do UOL

17/05/2022 08h23

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Faz 15 anos que o Boca Juniors não conquista um título da Libertadores da América. O gigante portenho que recebe o Corinthians às 21h30 (de Brasília) de hoje (17) na Bombonera parou nas seis conquistas da competição em 2007 e, desde então, não consegue igualar o Independiente, que lidera o número de títulos com impressionantes sete conquistas na Libertadores.

Desde então, o Boca chegou a duas finais, perdendo ambas, em 2012 para o Corinthians e, o que é pior, em 2018 para o arquirrival River Plate.

Uma alternância natural de vencedores que é típica do esporte? Afinal, nada caracteriza mais o futebol que uma rotatividade nos clubes que são campeões, principalmente em uma competição continental. Mas entre os argentinos, do final do ano passado para cá, vem crescendo a versão de que, na verdade, a seca de títulos do Boca tem a ver com uma magia negra feita por clubes brasileiros nos vestiários da Bombonera.

A versão ganhou força com uma entrevista publicada em novembro de 2021 no diário "Olé", o principal jornal esportivo da Argentina. Nela, Giorgio Armas, especialista em astrologia e tarô, declarava sem rodeios: "A Bombonera está suja há muito tempo. Por que suja? Porque como o Boca foi bem durante tanto tempo, fizeram dano através da magia negra", contou ele, que é personagem frequente na imprensa argentina para falar dos assuntos místicos ligados ao futebol.

Questão de energia

"Os brasileiros e colombianos são fortes nesses temas de energia. No campo de jogo não puderam fazer nada, mas sim no vestiário, inclusive sacrificando algum animal", falou o argentino, dizendo que sabia até que time brasileiro havia feito isso, mas se recusou a dizer qual. "Levaram gente para fazer maldades. O Boca deixou que nos fizessem mal no nosso estádio e por isso não ganhamos na Bombonera em competições internacionais."

O "especialista em rituais de limpeza e energia" vive entre o Chile e o Peru desde os seis anos, e se postula abertamente para purificar a Bombonera. "Sou torcedor do Boca de seis gerações antes de nascer. Quero que a diretoria do clube me escute e me permita realizar uma limpeza no templo. Vou limpar tijolo por tijolo, pedaço por pedaço de grama para que a comissão técnica tome boas decisões. Jogamos bem, mas a bola não entra."

No Brasil, é celebre a frase "Se macumba ganhasse jogo, Campeonato Baiano terminava empatado", como vaticinou o filósofo da bola Neném Prancha. A Argentina não fica atrás. A seleção contou com um bruxo em sua delegação na última edição das Eliminatórias, em 2017, e o próprio Boca alterou seu uniforme para o amarelo para enfrentar o River Plate no último superclássico por uma questão de energia. E o Boca venceu por 1 a 0.

Mesmo com tamanha repercussão sobre a importância da energia dos lugares, o Boca nega que tenha realizado tal limpeza na Bombonera.