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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Contra a Itália, Argentina põe à prova hoje a sua maior invencibilidade

Jogadores da Argentina comemoram gol pelas Eliminatórias - Marcelo Endelli/Getty Images
Jogadores da Argentina comemoram gol pelas Eliminatórias Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Colunista do UOL

01/06/2022 04h00

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A Copa do Mundo está se aproximando com clima de euforia em Buenos Aires. E a capital portenha se prepara para acompanhar hoje (1º) uma partida com clima de Mundial no confronto entre a Argentina e a Itália.

A "Finalíssima" entre as atuais campeãs da Copa América e da Eurocopa será realizada em Wembley a partir das 16h (de Brasília). Todos os 90.000 ingressos estão esgotados há mais de um mês.

Pelo lado argentino, vale a chance de enfim testar qual o real poder da maior invencibilidade da sua história. A equipe comandada pelo técnico Lionel Scaloni soma 31 jogos sem saber o que é derrota. A soma foi atingida com o 1 a 1 na última vez que entrou em campo, há dois meses, contra o Equador em Guayaquil. Não há hoje seleção no mundo com tamanha série invicta.

Há um detalhe estatístico que deixa a partida de hoje ainda mais especial. A maior invencibilidade da Argentina em todos os tempos foi de exatos 31 jogos em perder. A série foi obtida de 1991 a 1993 sob o comando de Alfio "Coco" Basile.

messi - Foto: Divulgação/ Conmebol - Foto: Divulgação/ Conmebol
Álvarez fez gol após jogada criada por Messi
Imagem: Foto: Divulgação/ Conmebol

E contra os europeus?

Atual campeã da Copa América contra o Brasil em pleno Maracanã, a Argentina navegou tranquila pelas Eliminatórias, algo raro em sua história. Vitórias convincentes sobre Uruguai, Chile e Colômbia, por exemplo, provaram que a atual azul e branca sobra no continente.

Agora com a Itália no horizonte, será a hora de comprovar o rendimento dos titulares absolutos e também de Lionel Messi — o craque abriu a temporada com covid-19 e pela primeira vez não integrou a lista de convocados no começo de um ano de Copa do Mundo.

A azul e branca não tem os famosos "titulares absolutos", e sim um coeso grupo de jogadores que dão alternativas ao técnico Lionel Scaloni tanto dentro de uma partida específica quanto ao longo de um campeonato, como demonstrado no título da Copa América.

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"La Scaloneta", apelido da atual seleção argentina
Imagem: Reprodução TyC Sports

"La Scaloneta"

Exagerados como de costume, os argentinos já veem esta seleção como uma "máquina de vencer", termo repetido à exaustão pelas rádios portenhas, e que gerou até uma criativa publicidade da AFA (Associação de Futebol Argentino) para promover esta partida ante a Itália. Será o encontro da "Scaloneta" (por Scaloni) contra a "Azzurra".

Esta Argentina que joga "com 15 ou 16", segundo as análises que correm em Buenos Aires, percebeu que Paredes, De Paul, Lo Celso, Nico González e Otamendi podem ser substituídos tranquilamente por Papu Gómez, Di María, Lisandro Martínez e Lucas Ocampos, que renderam bem quando precisam ser acionados nas Eliminatórias.

A seleção encontrou um funcionamento (como, aliás, é a característica do River Plate de Marcelo Gallardo, que troca os nomes sem abrir mão da sua maneira de jogar).

A quantidade de jogadores em bom nível é uma excelente notícia para o técnico Lionel Scaloni.

Com todos os titulares, a Argentina atua em um moderno 4-3-3 com Messi, Lautaro Martínez e Ángel Di María no ataque, embora Nico Gonzaléz e Ángel Correa sejam opções interessantes, aproveitando o entrosamento com os laterais titulares — Montiel, pela direita, e Acuña e Tagliafico, pela esquerda.

Outra opinião que circula com entusiasmo em Buenos Aires é a seguinte: faltam cinco meses para o Mundial do Qatar. Para a Argentina, faria bem se fossem só cinco dias.

É a hora de ver se mesmo contra as seleções europeias os comandados de Scaloni podem se trancar, raspar, esperar e contra-atacar. Esta Argentina já mostrou que sabe mexer todas as peças do seu xadrez com eficiência.

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Argentina perfilada para enfrentar a Venezuela na Bombonera
Imagem: Divulgação AFA

A invencibilidade argentina

São 31 jogos, com 20 vitórias e 11 empates (76,3% de aproveitamento de pontos)

A lista:

Copa América-2019 (1 jogo. 1 vitória): 2 a 1 Chile

Amistosos (6 jogos. 3 vitórias, 3 empates): 0 a 0 Chile, 4 a 0 México, 2 a 2 Alemanha, 6 a 1 Equador, 1 a 0 Brasil, 2 a 2 Uruguai.

Copa América-2021 (7 jogos. 5 vitórias, 2 empates): 1 a 1 Chile, 1 a 0 Uruguai, 1 a 0 Paraguai, 4 a 1 Bolívia, 3 a 0 Equador, 1 a 1 Colômbia (3 a 2 nos pênaltis), 1 a 0 Brasil.

Eliminatórias-2022 (17 jogos. 11 vitórias, 6 empates): 1 a 0 Equador, 2 a 1 Bolívia, 1 a 1 Paraguai, 2 a 0 Peru, 1 a 1 Chile, 2 a 2 Colômbia, 3 a 1 Venezuela, 3 a 0 Bolívia, 0 a 0 Paraguai, 3 a 0 Uruguai, 1 a 0 Peru, 1 a 0 Uruguai, 0 a 0 Brasil, 2 a 1 Chile, 1 a 0 Colômbia, 3 a 0 Venezuela e 1 a 1 Equador.

A última derrota foi na semifinal da Copa América de 2019: vitória do Brasil por 2 a 0 em 2 de julho, no Mineirão.

A série recordista de 31 jogos somou 18 vitórias e 13 empates, de 19 de fevereiro de 1991 (2 a 0 na Hungria) a 8 de agosto de 1993 (1 a 2 contra a Colômbia em Barranquilla). Na ocasião, foram realizados também dois amistosos vencidos contra os então chamados "Combinados", sem reconhecimento da Fifa.

Escalação de hoje

Lionel Scaloni levará a campo o seu rodado time titular com duas baixas: o lateral-esquerdo Acuña, com desconforto muscular, e o volante Paredes, que se recupera de cirurgia no abdome. A equipe preparada para atuar em Wembley: Dibu Martínez; Nahuel Molina, Romero, Otamendi e Tagliafico; De Paul, Guido Rodríguez e Lo Celso; Messi, Lautaro Martínez e Di María.