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Como o principal jogador do Boca pode ser preso antes de pegar Corinthians
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O atacante Sebastián Villa foi o autor do gol que classificou o Boca Juniors ontem (8) na Copa Argentina. A vitória por 1 a 0 sobre o Ferro Carril Oeste mostrou um Boca preguiçoso e de poucos recursos — o único ponto alto foi mesmo o colombiano, que teve seu pedido de prisão solicitado por uma promotora em Buenos Aires também ontem.
Comparado a Kylian Mbappé pela rapidez, e definido pelo agora cartola Juan Román Riquelme como "melhor jogador disparado na Argentina", Villa, que tem 26 anos, corre risco de ficar fora dos confrontos contra o Corinthians pelas oitavas de final da Libertadores da América.
Segundo apurou a coluna, o juiz Maffucci Moore, responsável pelo caso em Buenos Aires, vai decidir a prisão ou não do atacante do Boca até a próxima quarta-feira (15), prazo de cinco dias úteis desde o pedido.
Os confrontos entre Boca e Corinthians estão marcados para os dias 28 de junho (Neo Química Arena) e 5 de julho (Bombonera).
Villa não atuou na fase de grupos da Libertadores por cumprir punição de seis partidas ainda pela briga do Mineirão, no ano passado, contra o Atlético-MG.
O pedido de prisão
O UOL Esporte trouxe ontem um completo relato sobre o "caso Villa".
A promotora portenha Vanesa González protocolou um pedido formal de prisão do jogador, que vem sendo acusado de estupro, violência de gênero e tentativa de homicídio contra a sua ex-namorada, Rocio Doldán.
O caso teria acontecido em 26 de junho do ano passado, durante uma festa, na chácara do atacante em Canning, nos arredores de Buenos Aires.
Em relatório de 59 páginas, a promotora diz que que " foi provada a prática do crime de abuso sexual com acesso carnal. [....] A vítima foi precisa ao indicar as circunstâncias em que ocorreram os fatos", a que se somam os "vídeos e mensagens, no dia seguinte ao ocorrido", escreveu a promotora.
"O papel da Justiça, e em especial do Ministério Público, não é apenas processar os autores de crimes, como o que estamos tratando, mas também conscientizar, instruir e defender o fim do patriarcado, ainda mais (como é o caso que aqui se investiga) quando esse patriarcado é potencializado pelo sentimento de impunidade conferido ao autor do crime por seu poder econômico contra a vítima vulnerável."
O fato de o primeiro jogo contra o Corinthians ser em São Paulo também tem sido levado em consideração pelos advogados de defesa da vítima — há a preocupação de, no exterior, o colombiano se tornar um fugitivo.
Villa, que comemorou a vitória do Boca ontem com postagens de trechos da Bíblia, se defende por meio de uma perícia.
A avaliação revelou que o jogador não apresenta nenhuma patologia psíquica que o impeça de ter consciência de seus atos. O laudo aponta que o colombiano não é "iminentemente perigoso para si ou terceiros" e que tem capacidade para entender as consequências de suas ações.
O caso
No mês passado, Rocío Doldán apresentou provas de que foi estuprada pelo atacante na mencionada festa de junho do ano passado.
Em seu depoimento, a vítima disse Villa havia bebido mais de uma garrafa de uísque e que ficou violento quando os dois foram para o quarto sozinhos após uma festa.
"Ele estava me dando tapinhas no rosto, quando de repente ficou violento, apertou minha mandíbula e minha nuca, meu deu um tapa e disse: 'Você gostou dos meus colegas'. "Ele começou a abusar de mim, batendo-me algumas vezes e cobrindo minha boca com a mão, momento que fiz alguns arranhões nele por querer sair daquela situação", afirmou Doldán, que classificou a situação como "pior momento da minha vida".
Villa ainda responde em outra ação de violência de gênero, movida por outra ex-namorada. A denúncia foi feita em abril de 2020 e ele ainda vai ser julgado.
Até o ex-presidente da Argentina Mauricio Macri defende o afastamento do atacante colombiano até o fim das investigações.
O "caso Villa" divide opiniões em Buenos Aires. Uma parte da imprensa e torcida defende sua saída da equipe, mas há também a ideia de que ele só deveria ser desligado do elenco quando a Justiça assim definir.
Sua frieza e qualidade em campo desde então têm espantado o futebol.
A acusação foi conhecida quando ele estava na concentração do Boca antes da semifinal do último Campeonato Argentino, contra o Racing.
Insultado pela torcida rival durante todo o jogo, ele bateu um pênalti com perfeição e ajudou a equipe a passar para a final e ser campeã.
Manteve o bom nível nos demais jogos — a ponto de ser o autor do gol e destaque da equipe na vitória de ontem.
Villa é titular indiscutível do Boca desde 2018, sobrevivendo, inclusive, à traumática derrota para o River na decisão daquela Libertadores.
Em campo, ele é tão útil que conseguiu reverter até mesmo uma forçada de barra para deixar o Boca.
Em julho de 2021, Villa simplesmente abandonou o clube por 40 dias para ser transferido para o Brugge — o Boca considerou a proposta de US$ 7 milhões (R$ 34,2 milhões) insuficiente, e o colombiano foi reintegrado.
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