Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
O que esperar da estreia de Carlitos Tevez como técnico no Rosario Central?
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Carlitos Tevez está de volta ao futebol apenas 13 dias depois de comunicar sua aposentadoria como jogador. Surpreendendo a Argentina, ele fechou ontem (16) com o Rosario Central para ser o novo técnico da equipe.
Tevez está com 38 anos e fará sua estreia como treinador — nem nas divisões de base ele havia trabalhado. O Rosario Central é um dos clubes grandes do país, disputando eternamente com o arquirrival Newell's Old Boys a primazia de ser a principal equipe do interior da Argentina.
O interesse do ex-jogador do Corinthians, Boca Juniors e Juventus pelo posto de técnico é recente. Ele jamais disse que pretendia seguir tal carreira.
Apenas quando anunciou sua aposentadoria dos gramados, no programa "Animales Sueltos", da América TV, é que ele mencionou a conclusão do curso de técnico e das intenções de comandar um time.
Ideias e negócios
Tevez procurou cercar-se de profissionais de ponta. Ele vai usar a imagem para absorver as pressões e motivar o elenco, mas sua voz de mando não será a única nas questões técnicas e táticas.
Seu perfil como jogador, explosivo e instintivo, jamais deu sinais do estilo que ele adotaria agora como técnico.
O braço direito de Tevez no comando do Central será o xará Carlos "Chapa" Retegui, ex-treinador da seleção argentina (masculina e feminina) de hóquei na grama, que também estreia no futebol, depois de três anos de preparação.
Ariel, Diego e Miguel, irmãos de Tevez, também farão parte da comissão técnica. Todos serão apresentados na próxima terça-feira, e a estreia será contra o Gimnasia, em Rosário, na sexta da semana que vem.
O contrato de Tevez é de três anos, e o rápido acerto com o Central veio depois do pedido de demissão do então treinador Leandro Somoza (volante do Boca que perdeu a Libertadores para o Corinthians), que abdicou do cargo pela falta de reforços.
"Vitamina" Sánchez, ex-jogador e técnico do Rosario, estava praticamente fechado para ser o substituto, mas foi desbancado depois de uma rápida jogada nos bastidores.
Tudo surgiu por sugestão do empresário de Tevez, o mais influente da Argentina — Christian Bragarnik, que também cuida da carreira, por exemplo, de Hernán Crespo, ex-São Paulo, que hoje está no Al-Duhail, do Qatar.
Espera-se que as aparições de Carlitos (e os contatos de Bragarnik) ajudem o Central a fazer novos negócios e reforçar o elenco. O time ganhou ontem do Godoy Cruz por 1 a 0 em casa, conquistando a primeira vitória no Campeonato Argentino. Ocupa a 17ª colocação entre as 28 equipes.
Ausente das competições internacionais, a luta do Central em 2022 será contra o rebaixamento. O clube está em 16º na tabela dos "promedios", como é chamada a lista com a média de pontos dos últimos três campeonatos no país. Tem uma média de 1,3 — os dois últimos que seriam rebaixados são Godoy Cruz (1,0) e Patronato (0,9).
Dos aviões às concentrações
Tevez deu uma pausa na sua rotina de viagens com a família para se reunir com psicólogos esportivos e outros profissionais da área nas últimas semanas. Ele também girou pela Europa e foi recebido no Manchester City, Juventus, Milan e West Ham para conhecer as metodologias de trabalho e se reunir com gente como Paolo Maldini e Stefano Pioli.
A dificuldade de se expressar que chegou a estigmatizá-lo no Brasil não ocorre na Argentina.
Desde a volta ao Boca, em 2015, Tevez dava boas entrevistas e era o capitão da equipe, além de falar e figurar em diversos eventos ao lado do presidente do clube, Daniel Angelici, e do ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, de quem é amigo — e esta relação traz aversões políticas em Rosário desde já.
Outro motivo de tensão: Tevez era o capitão do Boca na final da Copa Argentina conquistada em cima do Central com escandalosos erros de arbitragem.
"Demos uma aula neles", disse Tevez na ocasião, o que já lhe custa certo preço.
As más-línguas na fervorosa cidade dizem que torcedores símbolos do Central como "Che" Guevara, (o escritor) "Negro" Fontanarossa e (o ator) Alberto Olmedo estão se revirando em seus túmulos pela escolha em prol dos negócios, e não do esporte.
A verdade é que o Central vem optando por técnicos jovens — antes de Tevez, vieram Kily González e Somoza. Com Tevez, seis dos últimos nove treinadores do clube foram também estreantes.
Seu reencontro com o Boca chama atenção desde já. Está marcado para 17 de agosto, na Bombonera, pela 14ª rodada do Campeonato Argentino.
Antes disso, no dia 21 de julho, ocorre o clássico contra o Newell's no Gigante de Arroyito — agora com Tevez, com ainda mais pimenta que o normal (se é que é possível).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.