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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Derrota para o Corinthians queima o filme de Riquelme na Argentina até hoje

Juan Roman Riquelme, vice-presidente do Boca Juniors, no camarote da Bombonera durante jogo em abril de 2022 - Marcelo Endelli/Getty Images
Juan Roman Riquelme, vice-presidente do Boca Juniors, no camarote da Bombonera durante jogo em abril de 2022 Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Colunista do UOL

04/07/2022 04h00

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Hoje (4) é um dia especial para o Corinthians. Há exatos dez anos, o clube vencia o Boca Juniors por 2 a 0 no Pacaembu e conquistava a Libertadores da América.

Enquanto os torcedores do Timão se enchem de orgulho, a lembrança invade também o começo da semana na Argentina, mas citando um motivo que não tem a ver com o que aconteceu em campo, e sim com a influência negativa de Juan Román Riquelme naquela final.

O "filme queimado" de Riquelme não é exclusividade dos torcedores. Hoje vice-presidente de futebol do clube portenho, Román foi detonado publicamente pelo ex-zagueiro Rolando Schiavi, que trabalhava nas divisões de base do Boca até a chegada do ex-companheiro, que o dispensou.

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Riquelme domina a bola durante Corinthians x Boca Juniors na final da Copa Libertadores de 2012
Imagem: Buda Mendes/LatinContent via Getty Images

'Toco y me voy'

A história é bastante conhecida na Argentina: no almoço anterior ao Corinthians x Boca do Pacaembu, Riquelme, brigado com o técnico Julio César Falcioni, comunicou aos colegas que deixaria o Boca depois da final. Em 2013, já com Carlos Bianchi no comando, o camisa 10 voltou à equipe e eliminou o Corinthians nas oitavas de final, no mesmo Pacaembu.

"Influenciou demais", disse Schiavi em janeiro do ano passado ao TyC Sports, canal da TV argentina, ao ser questionado sobre aquele anúncio de Riquelme. "Muitos jovens se abalaram. Muitos eram amigos, não foi fácil se concentrar."

Determinante naquela decisão por errar o passe que terminou no segundo gol de Emerson Sheik, Schiavi também lamentou o 1 a 1 decretado por Romarinho na Bombonera: "A coisa seria diferente com o Boca vencendo em casa".

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Capa do jornal "Olé" no dia seguinte ao título do Corinthians sobre o Boca, há dez anos
Imagem: Reprodução

'Loucura'

Santiago Silva, atacante daquele Boca, foi entrevistado pela Rádio La Red para repercutir as opiniões de Schiavi e subiu ainda mais o tom: "Foi uma loucura, isso não se faz", afirmou o El Tanque, de passagem breve pelo próprio Corinthians em 2002.

"[Riquelme] Não tinha que dizer nada. Se vai falar alguma coisa, que fale depois, ganhando ou perdendo. Não foi positivo para ninguém no Boca. A mim não me impactou. Numa final, o ambiente precisa ser positivo."

"Um jogador de futebol se prepara para a final com cara de bunda [equivalente ao original cara de perro, "cara de cachorro"]. Román? Um jogador excepcional em campo, mas fora dele não encontrei nada assim."

Silva também reclamou do empate na ida: "A trave não nos ajudou", citando o cabeceio de Viatri que acertou o poste de Cássio nos acréscimos e o gol perdido na sequência por Cvitanich na pequena área, sozinho e sem goleiro, no lance que dá calafrios em xeneizes e corintianos até hoje.

A libertação corintiana

Dez anos depois do primeiro título do Corinthians na Copa Libertadores, o UOL lança "A libertação corintiana", um documentário que reúne as histórias nunca contadas daquela partida. Produzido por MOV, a produtora audiovisual do UOL, o filme está disponível para assinantes do UOL Play.