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Tiros, racismo e vestiário quebrado: Boca agrava sua crise pós-Corinthians
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A eliminação para o Corinthians na Libertadores da América continua abalando demais o Boca Juniors. De volta às competições na Argentina, o gigante portenho viveu uma jornada das mais selvagens na derrota por 2 a 1 para o San Lorenzo.
A partida foi disputada na tarde de sábado (9) e atravessou o fim de semana gerando discussão na Argentina —e quem está familiarizado com o futebol do país sabe que os problemas estão longe de terminar.
A coluna contextualiza o que abala este Boca, cada vez mais caótico, no começo da semana em Buenos Aires.
Tiros
Quem acompanhou o clássico no Nuevo Gasómetro, ou com o som ambiente, pôde escutar tiros tão logo o clássico começou. Era uma violenta briga da torcida do San Lorenzo com a polícia na entrada da arquibancada. Ou seja: buscando estabilidade e reação depois da derrota para o Corinthians, o Boca se viu em um cenário de guerra dos mais ensandecidos.
"Como você vai me cumprimentar pela vitória se passei o primeiro tempo todo negociando com a polícia para tratar melhor nosso torcedor?", disparou Horacio Arreceygor, presidente do San Lorenzo, na Rádio La Red. Ele informou 4 feridos sem gravidade e 15 presos. Não se sabe o que desatou o confronto.
A partida ainda assim não foi paralisada. O primeiro tempo terminou 1 a 1, com ânimos acirrados dentro e principalmente fora de campo.
Racismo
Aos 13 minutos do segundo tempo, o árbitro Fernando Espinoza paralisou a partida. O motivo: os jogadores do Boca estavam sendo chamados de "bosteros bolivianos" e "negros bolivianos" pela torcida do San Lorenzo, famosa por ser das mais pacíficas e criativas da Argentina. E ainda assim houve a paralisação com esta música que é entoada por todas as torcidas rivais do Boca.
Quem acompanha apenas a Libertadores pode estranhar, mas os jogadores do Boca estão entre os que mais sofrem com o racismo na Argentina. O blog Patadas y Gambetas destrinchou o assunto aqui no UOL Esporte.
A paralisação durou pouco, mas os xingamentos ao colombiano Sebastián Villa persistiram o jogo todo.
A torcida do San Lorenzo começou a cantar "é o time do estuprador" a cada vez que ele pegava na bola. O ponta-esquerda do Boca carrega três denúncias de violência sexual na Argentina e pode ser preso.
San Lorenzo e Boca têm uma das rivalidades mais acirradas do país, e a animosidade mútua ajudou a deixar a tarde ainda mais pesada.
Vestiário quebrado
O Boca perdeu por 2 a 1 de virada, em sequência de cenas dantescas.
Os zagueiros Marcos Rojo e Carlos Zambrano saíram dando pisões impunes —assim como a agressão covarde de Rojo, que deu uma "ombrada" na cara do juvenil Iván Leguizamón, de apenas 20 anos, em uma das entradas mais violentas vistas recentemente no futebol argentino.
Irritados com a derrota e com a péssima fase, os jogadores do Boca saíram do gramado sem dar entrevistas. No vestiário, rasgaram um papel de parede e socaram portas e vidros.
A diretoria do San Lorenzo fotografou o estrago e prometeu cobrar providências do Boca.
Difícil, porém, será a diretoria prestar atenção em qualquer outra coisa que não a sua crise interna. O capitão Izquierdoz, afastado do time e sem sair do banco de reservas, foi cumprimentado pessoalmente por Rojo, autor do primeiro gol, que ainda por cima tirou a tarja de capitão que carregava. Izquierdoz era o capitão da equipe até ser afastado pelo técnico interino, o ex-lateral-direito Hugo Ibarra.
Benedetto viveu outra tarde apagada, sendo definido nas transmissões de rádio como um "extraviado" do jogo.
Antonio Serpa, jornalista do canal de TV TyC Sports, não teve meias palavras e afirmou que o time perdeu de propósito para confrontar os dirigentes em meio à disputa por premiações. Imagens dos jogadores caminhando em campo viralizaram nas redes sociais.
É de se esperar que a busca pelo novo técnico seja acelerada em meio a tamanho caos. O próximo jogo do Boca vai ser justamente na Bombonera, que deve deixar o seu recado com toda a fúria.
A partida será contra o Talleres, no sábado, às 20h30 (de Brasília).
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