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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Boca Juniors quer se livrar de Darío Benedetto até o fim do ano

Dario Benedetto, do Boca Juniors, momentos antes de cobrar pênalti contra o Corinthians na Bombonera - REUTERS/Agustin Marcarian
Dario Benedetto, do Boca Juniors, momentos antes de cobrar pênalti contra o Corinthians na Bombonera Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian

Colunista do UOL

14/07/2022 04h00

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Darío Benedetto está com os dias contados no Boca Juniors. Vilão da derrota para o Corinthians na Libertadores da América errando dois pênaltis, ele está na mira da diretoria do Boca por outros dois motivos. E eles são mais sérios que a pouca eficiência na Bombonera.

A primeira razão foi o áspero diálogo mantido com Juan Román Riquelme e o restante do Conselho de Futebol do Boca na véspera da partida contra o Corinthians.

A posição dos jogadores era tão irredutível que a ESPN trouxe anteontem a versão de que a queixa dos líderes do elenco em não se concentrar pelo atraso nas premiações estava mais para uma "greve".

E foi a própria ESPN, a emissora escolhida ontem (13) por Benedetto para dar sua versão. O atacante fugiu das polêmicas, mas se negou a pedir desculpas. Ele reconheceu que houve uma reunião tensa na véspera, fato confirmado também por Riquelme.

"Ameaçamos não nos concentrar, mas chegamos a um acordo", disse Benedetto.

O outro motivo que praticamente escancarou a porta de saída para ele foi ser flagrado xingando os dirigentes de "f.... da p..." na entrada do time em campo antes de encarar o Corinthians.

"O que eu precisar falar com Román, converso com ele, não preciso mandar recados, esta foi só uma forma de motivar o time naquele momento", se defendeu o atacante.

Mario Pergolini, famoso apresentador argentino e ex-diretor de comunicação do Boca, declarou semana passada que a câmera colocada justamente ali foi uma artimanha da diretoria para coagir os jogadores, e Benedetto mesmo assim não mediu as palavras ao detonar seus superiores.

bene - Divulgação / Conmebol - Divulgação / Conmebol
Cássio ajuda Benedetto a levantar durante Boca Juniors x Corinthians, jogo válido pela Libertadores
Imagem: Divulgação / Conmebol

Barca

O "pacotão do adeus" não se restringe a Benedetto. Todos os demais que ameaçaram o motim estão prestes a deixar o clube.

Os zagueiros Carlos Izquierdoz e Marcos Rojo são dois deles. Pesa na avaliação da diretoria o gesto de Rojo, que fez um gol contra o San Lorenzo no sábado passado e foi comemorar com Izquierdoz, afastado do time justamente pela ríspida discussão da véspera. À ESPN, Benedetto seguiu tomando partido do zagueiro na discussão: "Ele será meu capitão para toda a vida".

O lateral-esquerdo Frank Fabra, percebendo a falta de clima, também já está aberto a propostas para sair da equipe que defende desde 2016.

Não ocorrendo nada de anormal até lá, há a grande chance de o prata da casa Luis Vázquez ser o substituto de Benedetto no sábado contra o Talleres, pelo Campeonato Argentino, na Bombonera. O próprio camisa 9 reconheceu ontem na ESPN a possibilidade de ir para o banco de reservas. "Mas se sair um pênalti, me ofereço para bater."

Efetivado no cargo até dezembro, o técnico interino Hugo Ibarra é amigo de Riquelme e dos demais diretores do Boca que abriram conflito com os líderes do elenco.

O jornal "Olé" trouxe ontem a versão de que a diretoria considera os líderes mal-agradecidos pelo conflito na véspera de uma decisão. A missão daqui por diante será reconstruir o elenco para a Libertadores de 2023.

O gigante portenho já está classificado na competição continental por ser o atual campeão argentino (ganhou a Copa da Liga Profissional no mês passado).

Nem seis meses

Benedetto voltou ao Boca no final de janeiro. O clube que contou com seu melhor nível na Libertadores de 2018 o negociou em agosto de 2019 com o Olympique de Marselha.

Desde então, não se fixou no clube francês, e foi repassado ao nanico Elche, da Espanha (time comandado pelo seu representante Christian Bragarnik), despertando interesse de São Paulo e Corinthians, que buscavam um camisa 9 bem ao seu estilo.

A primeira razão que explicava a volta de Benedetto ao Boca tinha a ver justamente com Bragarnik. Foi do empresário a "engenharia financeira" para encerrar a negociação.

Pela sua volta, o Boca pagou 3 milhões de euros ao Olympique (que havia desembolsado 16 milhões de euros em agosto de 2019).

O Elche ainda se encarregava de uma dívida do Olympique com o Boca (2,5 milhões de euros pelo volante Iván Marcone).

Outras negociatas precisaram ocorrer para Benedetto chegar ao Boca no melhor "jeitinho argentino". Zagueiro do Boca, Lisandro López foi transferido ao Xolos, do México, clube que tem Bragarnik também como acionista.

Outra transação foi a do atacante Walter Bou, repassado de forma definitiva ao Defensa y Justicia, clube que conta com o incansável Bragarnik como gerente de futebol profissional. Bou agora está no Vélez que briga pelo título da Libertadores.