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Tales Torraga

REPORTAGEM

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O Brasil será enfim batido na Libertadores? Maior jornal argentino responde

Palmeiras ergue a taça da Copa Libertadores pela terceira vez, após bater o Flamengo na final em Montevidéu - Juan Mabromata / AFP
Palmeiras ergue a taça da Copa Libertadores pela terceira vez, após bater o Flamengo na final em Montevidéu Imagem: Juan Mabromata / AFP

Colunista do UOL

15/07/2022 04h00

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A Argentina vive um momento peculiar no futebol. A seleção curte a melhor fase em décadas. Eis o título da Copa América do ano passado, a invencibilidade de 33 partidas e a recente vitória por 3 a 0 sobre a Itália em Wembley. Os times do país, em compensação, veem o predomínio brasileiro nas competições continentais sem ter muito o que fazer.

Quem se debruçou sobre a fase argentina nos gramados foi o jornal "Clarín", o de maior circulação no país (e quem conhece a Argentina sabe que se trata de um dos país que mais leem em todo o mundo).

Em longa análise publicada na edição de anteontem, o diário considera praticamente um milagre que algum dos três times argentinos remanescentes na Libertadores, Talleres, Estudiantes e Vélez Sarsfield, tenham condições de desbancar os brasileiros que seguem na competição.

A "brigada brasileira" é composta por cinco clubes: Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Atlético-MG e Athletico.

"Em defesa dos assombros, na Sul-Americana, aconteceu um milagre: o Táchira, da Venezuela, eliminou o famoso Santos, nas oitavas de final", definiu o "Clarín", resumindo assim as eventuais chances da Argentina no confronto contra o Brasil no restante da Libertadores.

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Patrick de Paula e Andreas Pereira disputam bola pelo alto na final da Libertadores, entre Palmeiras e Flamengo
Imagem: Staff Images/Conmebol

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"Como na Champions League, a matriz é econômica. Quase sempre, os que ganham ou chegam mais longe são os têm mais dinheiro e mais possibilidades de investir", sustenta o jornal, que justifica assim o poderio brasileiro na Libertadores:

* Dos 20 jogadores com maior valor de mercado nesta Libertadores, 14 são brasileiros. Todos representam times brasileiros que estão nas quartas de final. E a eles há que somar um uruguaio e um argentino que aparecem no top 20: Giorgian De Arrascaeta (do Flamengo) e Matías Zaracho (do Atlético-MG).

* Todos os jogadores do futebol argentino já estão fora, casos de Facundo Farías (do Colón), Enzo Fernández, Esequiel Barco e Nicolás de la Cruz (trio do River, mas Fernández já foi para o Benfica).

* Estendendo a lista até o top 40: 28 são brasileiros, e 31 do total disputam o Brasileirão.

* O que ocorre individualmente, por lógica, ocorre também com os clubes: 12 dos 14 mais valiosos são brasileiros. As duas exceções argentinas já estão fora: River (quarto, atrás de Palmeiras e Flamengo) e Boca (sétimo).

O "Clarín" traz também em sua análise um parágrafo do escritor uruguaio Eduardo Galeano publicado em 2015 no "O Estado de S.Paulo":

"Rogo a Deus para que os jogadores não percam esse prazer de jogar futebol, porque nos últimos anos se condicionaram a apenas ganhar, o que se traduz em mais dinheiro. O futebol perdeu essa faísca de assombro que deve marcar cada jogo. E ele agora corre o risco de ser um negócio rentável como as drogas ou as armas".

O jornal arremata:

"Tão certo, tão doloroso. Quase como mostra agora, talvez exagerando, a série alemã 'Cães de Berlim', no Netflix".