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Tales Torraga

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

7 jogadores em um só mês: como entender a nova invasão argentina no Brasil

Flaco Lopez, do Palmeiras, comemora gol contra o Ceará pelo Brasileirão -  GABRIEL LEITE/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Flaco Lopez, do Palmeiras, comemora gol contra o Ceará pelo Brasileirão Imagem: GABRIEL LEITE/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

01/08/2022 04h00

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Julho terminou ontem (31) com um número expressivo no mercado de passes. Nada menos que sete jogadores trocaram o futebol argentino pelo brasileiro, uma média de quase dois por semana.

Apesar do êxodo, é difícil estabelecer outra referência que não o país de partida e de chegada.

A "janela" contou com transações de características quase opostas entre si, como leva a crer realidades tão diferentes em um campeonato de 20 times (o Brasileirão) ou 28 (o atual Argentino).

Foram vistos desde altos investimentos por jovens, como o do São Paulo por Giuliano Galoppo (R$ 32 milhões), de 23 anos, até transferências mais pontuais e menos badaladas como as de Braian Romero, do River para o Inter (por R$ 5,2 milhões), de 31 anos, e do zagueiro Emanuel Brítez, de 30, do Defensa y Justicia para o Fortaleza.

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Fausto Vera, meio-campista do Corinthians
Imagem: Divulgação/Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Quem são

O Palmeiras contratou os atacantes José Manuel López e Miguel Merentiel (que é uruguaio, mas atuava na Argentina desde 2019). O Corinthians trouxe o volante Fausto Vera (do Argentinos Juniors), enquanto o Atlético-MG enfim colocou em campo o atacante Cristian Pavón (ex-Boca Juniors).

Houve também as já mencionadas chegadas de Romero (Inter), Brítez e Galoppo. Todos já estrearam.

A lista pode aumentar a qualquer momento, e sem nenhuma cartilha no estilo "buscamos jovens promissores que rendam bom valor na futura revenda".

O Santos está atrás do lateral-direito Lucas Blondel (do Tigre), de 25 anos, do meia Juanfer Quintero, de 29, e Franco Cristaldo, do Huracán, de 25.

O Botafogo há semanas negocia com o Godoy Cruz pelo meio-campista Martín Ojeda. E o Flamengo já deixou claro seu interesse no goleiro Agustín Rossi, de 26 anos, em dificuldade para renovar seu contrato com o Boca (levou três ontem do nanico Patronato jogando fora de casa pelo Campeonato Argentino).

E se de argentinos se trata, pelo lado do São Paulo, há o forte interesse pelo atacante Nahuel Bustos, de 24 anos, ex-Talleres, que compõe elenco no Manchester City.

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Braian Romero foi apresentado como novo camisa 9 do Inter
Imagem: Ricardo Duarte/Inter

As razões

O Brasileirão vem absorvendo estrangeiros cada vez mais desde 2013, quando a CBF estabeleceu o limite de cinco jogadores nascidos no exterior (antes era três).

Há a combinação custo/benefício que se reflete também na ampliação dos setores de busca e análise dos clubes, que mantêm um monitoramento constante nas ligas sul-americanas. Apesar da crise financeira atual, a Argentina ainda organiza um campeonato nacional competitivo o suficiente para revelar bons atletas.

Ouvidos pela coluna, dirigentes brasileiros repetem o termo "crescimento técnico" ao definir a contratação de jogadores argentinos.

Tal crescimento serve também para tapar o buraco deixado pelos atletas brasileiros que deixam os clubes do país ainda na adolescência. A qualidade técnica é suprida com os argentinos que chegam à Série A em outro momento da carreira, olhando para um novo nível de salários e em eventuais transações.

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Giuliano Galoppo, atleta do São Paulo, em partida contra o América-MG pela Copa do Brasil
Imagem: Paulo Pinto / saopaulofc.net

Negócios e reposições

"Tivemos várias idas e vindas, e muitas negociações frustradas. O Corinthians cumpriu os requisitos e fez por merecer uma das nossas principais promessas", contou à coluna o presidente do Argentinos Juniors, Cristian Malaspina.

O Alvinegro pagou ao clube argentino cerca de R$ 33 milhões por 70% dos direitos do jogador. "É uma baixa de peso para o nosso elenco, mas com este valor em mãos temos condições de fazer novas contratações", finalizou.

Até as criptomoedas vêm sendo usadas, como na transferência do São Paulo com o Banfield por Galoppo.

"Fizemos um esforço e tivemos boa vontade das duas partes, cumprindo 100% com as normas de câmbio", comentou à coluna Eduardo Spinosa, presidente da equipe argentina.

"Debitamos e o dinheiro entrou na conta do clube, em pesos. Uma opção blindada, legal e eficaz."

Com tal êxodo, os argentinos hoje formam a maior legião estrangeira do Brasileirão, com 23 atletas, contra 16 uruguaios.

A lista de argentinos em atividade no Brasileirão:

  • Matías Zaracho (Atlético-MG)
  • José Manuel López (Palmeiras)
  • Giuliano Galoppo (São Paulo)
  • Fausto Vera (Corinthians)
  • Fabricio Bustos (Inter)
  • Nácho Fernandez (Atlético-MG)
  • Cristian Pavón (Atlético-MG)
  • Jonathan Calleri (São Paulo)
  • Braian Romero (Inter)
  • Renzo Saravia (Botafogo)
  • Martín Benítez (América-MG)
  • Silvio Romero (Fortaleza)
  • Germán Conti (América-MG)
  • Victor Cuesta (Botafogo)
  • Germán Cano (Fluminense)
  • Tomás Cuello (Athletico)
  • Emanuel Brítez (Fortaleza)
  • Kevin Lomónaco (Bragantino)
  • Valentin Depietri (Fortaleza)
  • Diego Churín (Atlético-GO)
  • Gabriel Mercado (Inter)
  • Adrián Martínez (Coritiba)
  • Joel Carli (Botafogo)