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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Benedetto acerta soco na cara de zagueiro do Boca e gera novo escândalo

Carlos Zambrano, do Boca Juniors, durante partida contra o Racing - Marcelo Endelli/Getty Images
Carlos Zambrano, do Boca Juniors, durante partida contra o Racing Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Colunista do UOL

15/08/2022 06h16

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Darío Benedetto é o assunto do começo de semana na Argentina. Vilão da eliminação do Boca Juniors contra o Corinthians na Libertadores ao perder dois pênaltis, o atacante de 32 anos acertou socos na cara do zagueiro peruano Carlos Zambrano, no vestiário do clube, durante o intervalo do 0 a 0 do Boca com o Racing, em partida válida pelo Campeonato Argentino.

O clássico foi disputado no Cilindro de Avellaneda, estádio do Racing, na noite de ontem (14).

Benedetto e Zambrano discutiram na saída do campo ao final do primeiro tempo, e nas transmissões de TV duas frases do atacante ficaram nítidas da conversa com o zagueiro: "Se continuarem olhando para os cruzamentos, vão nos fazer um gol, idiota" e "Olha que eu te mato".

Antes de entrarem em campo para a segunda metade, os dois continuaram discutindo, quando trocaram agressões. O zagueiro jogou o segundo tempo com o rosto arranhado e o olho inchado. A polícia precisou separar os dois. A briga é narrada em detalhes tanto pelo jornal "Olé", que dedicou a sua capa desta segunda-feira (15) ao assunto, quanto pelo canal de TV TyC Sports.

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Capa do jornal "Olé" destacando a briga entre Benedetto e Zambrano
Imagem: Reprodução

Benedetto também apresentou arranhões no pescoço na segunda metade. O técnico Hugo Ibarra confirmou a discussão, mas evitou entrar em detalhes.

Zambrano jogou até o final. Já Benedetto, que voltava ao time titular depois de lesão, foi substituído por Vázquez aos 23 minutos do segundo tempo.

É esperada uma pesada punição disciplinar ao atacante, que tem seus dias contados no Boca. O Inter, vale lembrar, fez uma proposta a ele antes de acertar a contratação de Braian Romero, do River Plate.

O Boca anda mal no Campeonato Argentino. Vem só em 11º depois de 13 rodadas. O líder é o surpreendente Atlético Tucumán, que tem nove pontos a mais que o clube xeneize.

Imparável

Além de agredir colegas de time, Benedetto, importante lembrar, brigou por dinheiro com os dirigentes do Boca, em um dos maiores escândalos recentes do futebol argentino.

Na noite de segunda-feira, véspera da decisão contra o Corinthians, ele participou de uma ríspida reunião entre os líderes do time profissional e o "Conselho de Futebol", como é chamado o grupo de diretores subordinados a Riquelme, vice-presidente do clube.

Os dirigentes mais atuantes entre a presidência e os jogadores são todos integrantes do Boca multicampeão com Riquelme, como (o ex-volante) Raúl Cascini, (o zagueiro) "Patrón" Bermúdez e (o atacante) "Chelo" Delgado.

O próprio Riquelme participou do encontro. Sua presença ocorreu por um grave motivo: os jogadores do Boca simplesmente ameaçavam abandonar a concentração na véspera da partida contra o Corinthians.

Os dirigentes receberam Benedetto, o então capitão "Cáli" Izquierdoz, o zagueiro Marcos Rojo e o goleiro reserva Javier García e ouviram um pedido claro: o pagamento atrasado do prêmio pelo título do último Campeonato Argentino (versão Copa da Liga Profissional). A decisão foi em 2 de junho e terminou 3 a 0 para o Boca contra o Tigre.

O Conselho de Futebol negou o pedido aos gritos, reclamando dos jogadores que eles "não ganharam nada importante" para tais exigências. O diálogo foi dos exaltados, mesmo a poucas horas antes da decisão contra o Corinthians.

O clima ruim, é claro, predominou no vestiário da Bombonera na própria noite de terça-feira, dia da partida.

Em uma rápida conversa informal no próprio vestiário, Bermúdez chamou os participantes da reunião da véspera para dizer que o prêmio seria pago.

Havia outro tema em disputa entre dirigentes e jogadores.

Os atletas exigiam receber a premiação por apenas participar das oitavas de final contra Corinthians. Já os diretores aceitavam pagá-los somente em caso de classificação.