Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Por que o Vélez Sarsfield não é considerado clube grande na Argentina?
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Adversário do Flamengo na noite de hoje (31), o Vélez Sarsfield foi campeão mundial e da Libertadores de 1994, batendo gigantes como o Milan e o São Paulo. Mesmo assim, o clube hoje comandado pelo técnico uruguaio Alexander "Cacique" Medina não é considerado um grande na Argentina.
A disparidade entre currículo e aceitação perante os pares vem dos primórdios do futebol profissional na Argentina. Mais precisamente desde 1934, quando nasceu a atual AFA (Associação de Futebol Argentino).
Os times de maior torcida começaram a exercer pressão sobre os demais para ter mais peso nas decisões. Assim nasceram os "cinco grandes" como são tratados até hoje. E todos são de Buenos Aires ou dos arredores: River Plate, Boca Juniors, San Lorenzo, Racing e Independiente (os dois últimos são de Avellaneda, praticamente uma extensão da capital portenha).
Desde então, na hora de decidir algo relacionado à estrutura do futebol argentino, o voto de um dos grandes tem peso maior que os demais, chegando até mesmo a ter um "peso três" - ou seja, equivalente a três dos times menores do país.
O Campeonato Argentino, vale reforçar, é um dos mais inchados do continente, com nada menos que 28 times.
E o sexto grande?
Há grande discussão na Argentina, desde a década de 1960, para se determinar um "sexto grande" no país. Os postulantes? Huracán, Newell's Old Boys, Rosario Central, Estudiantes e o Vélez Sarsfield, que hoje encara o Flamengo.
Os cinco clubes têm extensos levantamentos em busca da inclusão no rol dos grandes, mas quem conhece a Argentina sabe como os "nichos" dificilmente permitem sua mudança ao longo dos tempos. E é isso que ocorre desde então. Os grandes portenhos jamais cogitaram ampliar seu espaço, restando aos outros apenas e tão somente a busca de títulos (e o decorrente aumento do número de torcedores).
Tal distância dos cinco grandes se vê no tratamento que a imprensa argentina dá ao Vélez x Fla de hoje. A partida tem um espaço pequeno no noticiário, ficando em segundo plano até em relação à Copa Argentina, que prepara uma apimentada eliminação em jogo único, no mesmo horário (21h30), entre River Plate e Defensa y Justicia.
Verdade seja dita, o "Olé", histórico jornal especializado em esportes, destaca hoje em sua capa uma extensa entrevista com o técnico "Cacique" Medina.
"Andando pela cidade a gente não sente a vibração, a expectativa, o nervosismo por Velez e Flamengo", contou à coluna, em Buenos Aires, Paulo Calçade, comentarista da ESPN e dos canais Star +.
"Tem respeito pelo Flamengo, mas é tratado por outros, não é fácil encontrar um torcedor do Velez. Afinal, 77% da população da Argentina [de 45 milhões de habitantes] torcem por Boca e River, então é um volume gigantesco, um foco enorme nessas duas equipes e o Velez não está nem entre as cinco maiores torcidas do país", segue Calçade.
"Então fica muito difícil aumentar essa torcida, fazer com que Velez e Flamengo tenha o mesmo peso de um River x Flamengo ou Boca x Flamengo. Por aqui as coisas estão muito tranquilas, você não sente a proximidade do jogo, pelo menos é o que eu senti até agora andando aqui pelas ruas de Buenos Aires. Agora, em relação a River e Boca, é outra conversa. É o tempo todo, todos os lugares, na rua, no táxi, na televisão, nos bares, tudo gira em torno dessas duas equipes."
(Por falar em Calçade, ele estará hoje na transmissão da ESPN e Star +, com Zinho, Renata Ruel e Nivaldo Prieto. As emissoras são também a casa do Campeonato Argentino no Brasil, trazendo sempre reflexões interessantes sobre a realidade e a rivalidade vivida pelos vizinhos.)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.