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'Nas nuvens', Benedetto decide contra River e apaga trauma do Corinthians
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"Sempre há revanche." Uma das frases mais famosas do futebol na Argentina encontrou em Darío Benedetto o personagem do começo desta semana. O camisa 9 do Boca Juniors fez, de cabeça, o gol que deu ontem (11) a vitória por 1 a 0 sobre o River Plate no superclássico.
O triunfo foi comemorado como um título. A Bombonera esteve superlotada até mesmo dentro de campo.
O jogo foi decidido por um Boca guerreiro e que beirou a irresponsabilidade nas entradas duras. O zagueiro Marcos Rojo, por exemplo, levou um cartão vermelho direto no final por chutar a cabeça de Nicolás de La Cruz.
Antes, o volante Alan Varela já havia acertado uma joelhada na cara de Rodrigo Aliendro, quebrando o maxilar do adversário, que precisou sair de campo direto para uma ambulância.
Benedetto festejou seu gol pendurado no alambrado e sendo acompanhado pelos companheiros de time. Mostrou a língua, repetindo a polêmica comemoração do gol da final da Libertadores de 2018, fez gestos de "sigam falando" e "olhem meus colhões", com as duas mãos sobre os testículos.
O camisa 9, assim, se redime dos dois pênaltis perdidos contra o Corinthians nas oitavas de final da Libertadores, há dois meses.
O trauma contra o Alvinegro na própria Bombonera fica, automaticamente, para trás. Não há melhor maneira de se fazer a paz no Boca do que marcando o gol da vitória diante de um River que deixou muito a desejar.
"Adoro calar a boca de todo mundo", desafiou Benedetto ao final do jogo, sem falsa modéstia.
Vale lembrar: antes do jogo contra o Corinthians, ele quase abandonou a concentração por premiações atrasadas. Depois, ainda agrediu seu próprio companheiro no meio de um clássico contra o Racing.
O Boca queria se livrar dele de qualquer jeito, mas o gol de ontem certamente vai ser levado em consideração na hora de definir o elenco para 2023. Se antes Benedetto estava com os dois pés fora do Boca, hoje é mais coerente dizer que a chance de ele sair cai automaticamente para uns 50%. Um pé só.
O gol de ontem foi o primeiro de Benedetto depois de dez jogos —e logo marcando um gol que vale por dez, pois a loucura da torcida fará com que a vitória seja festejada principalmente nas festas de família no fim do ano.
Para copiar o gesto do atacante, centenas de torcedores do Boca se penduraram no alambrado ao final da partida, que teve um sabor especial ao clube. O Boca (com 32) agora fica a apenas dois pontos do líder do campeonato, o Atlético Tucumán (34), com nove rodadas para o fim.
Um River nulo
Marcelo Gallardo, com mais de oito anos de River, perdeu o superclássico para um Hugo Ibarra iniciante, apenas em seu segundo mês como técnico profissional.
A escalação inicial não rendeu, e Gallardo fez três alterações na volta do intervalo. As mudanças tampouco melhoraram a equipe. O grande destaque negativo foi Miguel Ángel Borja, que começou no banco e esparramou toda sua apatia pelo gramado na segunda metade. Espera-se uma semana das mais difíceis para o ex-Palmeiras que já está sendo cobrado como um jogador caro (custou US$ 7 milhões) e apático em Buenos Aires.
Outro ponto negativo foi Esequiel Barco. Brilhante no Independiente campeão da Sul-Americana em cima do Flamengo em 2017, o meia-atacante também começou no banco, também fracassou no segundo tempo e também terá dias difíceis pela frente.
Perder para o Boca é decorrência do futebol. Não demonstrar raça no superclássico não costuma ficar imune na Argentina. Há cheiro de fim de ciclo de Gallardo no River.
Seu contrato termina em dezembro, e quem convive com o técnico indica que chegou a hora de tomar umas férias mais longas, embora o clube queira demais sua permanência.
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