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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Saiba quem é o goleiro argentino que Cicinho recomendou ao São Paulo

Agustin Rossi, goleiro do Boca Juniors, em ação durante jogo na Argentina - Rodrigo Valle/Getty Images
Agustin Rossi, goleiro do Boca Juniors, em ação durante jogo na Argentina Imagem: Rodrigo Valle/Getty Images

Colunista do UOL

16/09/2022 04h00

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Quem assume o gol do São Paulo? Para Cicinho, ídolo tricolor e hoje comentarista, um bom nome é o do argentino Agustín Rossi, do Boca Juniors.

"O São Paulo precisa parar de investir em aposta. Não precisa mais de aposta. Põe goleiro experiente. Contrata jogador experiente. É o que traz resultado", disse Cicinho na 'Live do São Paulo', transmitida ao vivo no canal do UOL Esporte no YouTube.

"Eu buscaria o (goleiro) do Boca Juniors. O Rossi. Barato, recebe um salário de 60 mil reais, se não me engano."

A indicação faz sentido, até porque tirar Rossi do Boca não é tarefa das mais difíceis. O Flamengo também demonstrou interesse no argentino nesta temporada.

Rossi acabou de completar 27 anos e é o melhor goleiro do futebol argentino na atualidade (poucos ainda veem Franco Armani, do River Plate, um passo à frente).

Mesmo o altíssimo nível de Agustín, porém, não o coloca numa condição favorável para seguir no clube xeneize, que acabou de contratar Sergio "Chiquito" Romero, de 35 anos, ex-Manchester United e goleiro da seleção argentina nas Copas do Mundo de 2010 e 2014.

Com a chegada de Romero, o Boca automaticamente descartaria Rossi para a sequência da temporada. Assim que "Chiquito" tivesse condições de jogo, ele seria o titular, e o atual reserva, Javier García, manteria a condição de suplente.

As impecáveis atuações de Rossi, porém, adiaram a estreia do veterano goleiro. Seria mesmo improdutivo demais tirar Agustín, o atual titular, do time.

Ele preza pelo posicionamento e reflexo debaixo das traves, além de não comprometer na saída do gol. Seu ponto alto, porém, são as cobranças de pênaltis. Detém a impressionante marca de 16 defesas em 41 cobranças.

Um outro número dá a dimensão da sua espantosa eficiência. Somente no tempo regular (sem considerar as decisões por pênaltis), ele defendeu uma quantidade de cobranças (sete) maior do que o número de gols recebidos (seis).

Na última Libertadores, contra o Corinthians, ele defendeu pênaltis tanto em Itaquera quanto em Buenos Aires.

Quem segue o futebol argentino de perto sabe que tal desempenho nos pênaltis não era visto no país desde os tempos de "Pato" Fillol, lenda do River e da seleção argentina nos anos 1970 e 1980.

O Boca não tinha tamanho fervor por um goleiro desde outro "Pato", o Abbondanzieri, titular da seleção argentina na Copa do Mundo de 2006.

ross - Divulgação CABJ - Divulgação CABJ
Agustín Rossi, goleiro do Boca Juniors
Imagem: Divulgação CABJ

Porém...

Rossi e Boca vêm em aberta rota de colisão. O contrato do goleiro com o clube termina em junho do ano que vem, e suas negociações com o Conselho de Futebol, comandado por Juan Román Riquelme, terminaram em acusações e na decisão (já revista) de afastar o goleiro.

Foi o seu bom nível que deu volta na situação, obrigando o clube a preparar uma nova oferta para ele seguir em Buenos Aires.

Representante de Rossi, Miguel González fez pesadas críticas em entrevista à Rádio La Red no mês passado, revelando que o salário do goleiro era de apenas R$ 60 mil por mês, valor muito fora do mercado de um arqueiro do seu nível.

Foi esta a cifra que Cicinho citou em sua participação na 'Live do São Paulo'.

O representante de Rossi detonou a diretoria do Boca: "Me deu a impressão de que o clube decidiu que Agustín não defenda mais. Me disseram que não o venderiam por menos de US$ 18 milhões, uma loucura", comentou.

"Nos deram a entender que se Rossi não assinasse, não jogava mais. O Boca não quer que Rossi assine. Dizerem que o que pedimos pode quebrar o clube é inacreditável. O clube segue sendo ingrato com ele. Cedemos muito, e encaramos a reunião como uma extorsão."

González citou também que a sua oferta era de US$ 7 milhões (cerca de R$ 37 milhões) líquidos até 2026 — diretores do Boca afirmaram que o valor seria de US$ 12 milhões.

"Nem quiseram olhar a contraproposta que levamos. Riquelme me disse: 'É isso ou saímos anunciando que não é mais goleiro do Boca'. Ponham as coisas sobre a mesa para ver quem mente. Tomara que estes caras não pensem em tirá-lo e o mantenham no time. É um assunto meu, não de Agustín. São totalmente ingratos."

Uma maneira que o São Paulo teria de negociar por ele seria pela "liberdade de ação", como chamam na Argentina a estratégia de o jogador acertar seus direitos por conta própria, o que ocorreria a partir de janeiro.

A torcida do Boca, desde já, ficaria revoltada com sua saída. Vivendo o seu auge, Rossi seria trocado afinal por um Romero (veterano de 35) que está parado desde março. O último clube de Romero foi o Veneza —terminou rebaixado à Segundona da Itália.