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'Amor monumental': como será hoje a despedida de Marcelo Gallardo no River
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O mundo todo estará de olho no Monumental de Núñez hoje (16). Exagero? Nenhum. A gigantesca repercussão internacional da saída do técnico Marcelo Gallardo do River Plate transformou um jogo para cumprir tabela em um evento inflamável, onde não vai faltar o tão famoso fervor argentino no adeus a uma verdadeira lenda do esporte e da cultura do país.
Cerca de 80.000 pessoas estarão no abarrotado Monumental a partir das 20h30 (de Brasília) para ver de perto seu último jogo em casa e conferir a derradeira função de Gallardo no palco onde ele conquistou o país, a América e a eternidade no coração do apaixonado.
O jogo deste domingo será contra o Rosario Central do técnico Carlitos Tevez, que conta com toda a torcida do "mundo Boca" para estragar a festa do River.
O confronto vale pela 26ª e penúltima rodada do Campeonato Argentino. O River vem em quarto e briga para ser o vice e forçar uma finalíssima contra o Boca Juniors pelo Troféu dos Campeões, naquela que seria a despedida de fato de Gallardo do clube.
A equipe do "Napoleão" de Núñez fechará o Campeonato Argentino contra o Racing, em Avellaneda, no fim da semana que vem.
Racing (47 pontos) e Boca (48, com jogo a menos) brigam palmo a palmo pelo título.
As chances de título do River são matemáticas. Com seis pontos possíveis, está quatro atrás do Boca (o xeneize ainda tem um jogo a menos).
Por mil noites
A última apresentação do "River de Gallardo" no Monumental será inesquecível, prometem clube e torcida. O maior técnico da história da equipe receberá placas, camisas e um vídeo especial resgatando os melhores momentos dos seus oito anos e meio à frente da equipe.
É esperado que ele tome o microfone e faça um discurso ao público assim que terminar a partida. Para tornar tudo ainda mais comovente, hoje é Dia das Mães na Argentina.
As mães que torcem pelo River, óbvio, têm Gallardo como um filho. Cartazes e faixas ao redor do estádio eram penduradas já na noite de ontem. Muita gente armou vigília e entrou neste domingo sem dormir, tudo para não desperdiçar nem um segundo sequer dos últimos instantes do filho pródigo na equipe.
É esperada uma comoção como o esporte argentino raras vezes viu. Há cuidado redobrado por parte do River com a perigosa superlotação que, não custa lembrar, matou um torcedor do Gimnasia em jogo contra o Boca há dez dias.
Na parte de dentro do estádio, a euforia vai marcar a noite que é definida em Buenos Aires nas rádios e TVs como "a noite do amor monumental", aquela que será "lembrada por mil noites mais", fazendo alusão a um famoso tango de Carlos Gardel, o "Mi Noche Triste".
O próprio presidente do River, Jorge Brito, pedindo cuidado, disse que espera uma multidão enlouquecida com luzes, fumaças e bandeiras para se despedir de Gallardo. Para se ter ideia: a paixão pelo técnico é tamanha que o filho do presidente do River se chama "Napoleão", o célebre apelido do treinador.
Em campo, o River vai lutar contra as limitações que custaram à equipe a chance de brigar pelo título argentino deste ano. A defesa jamais se firmou. E o meio-campo e o ataque pouco mostraram o nível que fizeram o trabalho de Gallardo ser tão destacado na Argentina e no mundo.
Água no malbec
Será uma atração e tanto também a presença de Tevez no banco rival. O Central vem apenas em 23º na tabela, mas isso não apaga o bom trabalho de Carlitos à frente da equipe. É sua estreia como treinador, e ele tem encontrado opções interessantes na equipe.
Tevez será vaiado como poucas vezes na vida, pois ninguém em Núñez esquece os seus gols pelo Boca e, pior ainda, comemorações como a célebre galinha imitada na semifinal da Libertadores de 2004.
Tevez e Gallardo mantiveram alguns desencontros nos últimos anos, especialmente na decisão da Libertadores de 2018, quando o então ídolo do Boca acusou publicamente o River de ser favorecido pela Conmebol, depois do ataque dos torcedores ao ônibus rival na decisão que não foi jogada no Monumental.
"Tudo o que termina, termina mal", é um dos trechos mais famosos de "Crimenes perfectos", sucesso do roqueiro argentino Andrés Calamaro. A sensação de perda é palpável na zona norte da capital portenha, onde fica o bairro de Núñez.
Intensa e épica. Louca e apaixonada. "É fácil ou impossível, esta Buenos Aires", dizia o lendário ex-zagueiro Roberto Perfumo, craque também nos comentários de TV. O domingo vai comprovar. Como poucas outras vezes.
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