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Técnico do ano na Argentina: há chances de Fernando Gago vir ao Brasil?
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Cinco meses depois, o olhar argentino para o seu desempenho é ainda melhor. Ele faz por merecer o cartaz que ostenta hoje, o de treinador do ano no país.
Com apenas 36 anos, ele pôs o Racing em condições de ser campeão argentino, em uma vibrante definição com o Boca. O time de Gago tem dois pontos (e um jogo) a mais que o clube xeneize. A decisão será neste domingo (23).
O que chama a atenção no Racing de Gago é a qualidade do seu futebol agressivo, mesmo sem um elenco pesado, como os dos gigantes River Plate e Boca Juniors.
A boa fase gerou até um criativo trocadilho repetido inclusive pelas torcidas rivais: a Argentina está vendo agora a "Gagoneta", paródia da ainda mais famosa "Scaloneta", como é chamada a seleção de Lionel Scaloni.
(Explicamos: "Gagoneta" e "Scaloneta" seriam uma espécie de veículo improvisado — kombi ou van — com todos andando felizes e chegando surpreendentemente bem ao destino.)
O clube brasileiro que resolver apostar em Gago deve ter calma. Ele acaba de classificar o Racing à Libertadores e renovar o seu contrato com a "Academia" até dezembro de 2023.
Imaginar Gago fora do Racing antes da Libertadores é ilusão. Faz mais sentido esperar o término da campanha do clube na competição para preparar uma investida. E antes que ele embarque para a Europa, pois é o que a sua capacidade sugere.
Um insano Copetti
O Racing adota na maior parte do tempo um compacto 4-3-3, com um ataque poderoso e com o insano Copetti, que também faz por merecer o cartaz de melhor jogador do campeonato.
Ontem, por exemplo, foi dele o gol na vitória por 1 a 0 sobre o Lanús, fora de casa. O Racing atuou em um 4-2-3-1, aproveitando a excelente fase do seu goleador, um exemplo de raça e determinação.
A premissa da "Gagoneta" é "comer cru" o rival em todos os setores do campo, para alegria do técnico que é, de longe, o mais bem vestido do país.
Muitos dizem que ele parece estar a caminho de um desfile de moda, tamanho o esmero da cor e do corte de seus ternos sempre impecáveis. O traje faz jus ao apelido de "Pintita" (o "Pintinha"), pelos trejeitos de galã portenho.
O trio ou quarteto ofensivo comandado por Gago agride tanto que abre oportunidade para os gols dos demais, mesmo atletas de outras posições.
Até por isso, ele é obcecado pelo peso dos seus jogadores. Uma balança na entrada do vestiário determina quem irá treinar no dia ou não. Simples assim. "Prezo pelo futebol ágil. Você vê jogador com sobrepeso na Europa? Não podemos nos acostumar com menos", repete.
Apenas 36 anos
O que dá o que falar na Argentina também é a precocidade de Gago.
Ele tem apenas 36 anos e ostenta um conhecido currículo de peso como jogador. Volante de classe de Boca, Real, Roma, Vélez, Valencia e dez anos de seleção argentina, pendurou as chuteiras em novembro de 2020 depois de intermináveis lesões.
Semanas depois de parar de jogar, estreou como técnico no nanico Aldosivi, da cidade de Mar del Plata. O time era fraco e Gago pediu demissão após nove meses, mas chamou a atenção de um grande do país como o Racing, que anunciou sua contratação poucos dias depois.
É raro encontrar um técnico tão jovem e tão brilhante como jogador. O último argentino a abraçar a prancheta tão jovem assim foi justamente o badalado Marcelo Gallardo, aos 35 (e também muitas lesões), em 2011, no Nacional do Uruguai. O zagueiro Thiago Silva, por exemplo, está com 38 anos.
O bom momento de Gago como técnico causa reflexão também pela ausência de exemplos brasileiros com sua trajetória.
Como os argentinos costumam brincar, o Brasil "pode ser a terra dos jogadores, mas a Argentina é o país dos técnicos de futebol". De fato, o interesse do país vizinho em seguir a carreira é incomparavelmente maior. E sem falar no gosto por aventuras. Gago, por exemplo, deixou para trás a vida de luxo vivida em Roma, Madri e Buenos Aires sem pensar duas vezes antes de enfrentar o calor de janeiro na modesta sede do Aldosivi, clube no qual estreou na nova profissão.
E ele cai no gosto do torcedor do Racing por outro fator ligado à juventude: para o tradicional clube de Avellaneda, há a mística de sucesso com treinadores jovens. Foi assim com Diego Cocca, Eduardo Coudet e Sebastián Beccacece, os últimos técnicos que brilharam na equipe.
O exemplo contrário seria o experiente Juan Antonio Pizzi, de pobre passado recente pela "Academia", incluindo a surra por 5 a 0 do River Plate na final da Supercopa Argentina do ano passado.
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