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Tales Torraga

OPINIÃO

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Boca e River 'campeões' indicam nova Libertadores tranquila para o Brasil

Boca Juniors comemora título argentino na Bombonera - CABJ Twitter
Boca Juniors comemora título argentino na Bombonera Imagem: CABJ Twitter

Colunista do UOL

24/10/2022 04h00

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Foi emocionante. Mas o Campeonato Argentino que terminou ontem (23) com o título do Boca Juniors escancarou o complicado momento vivido pelo país vizinho no futebol.

Símbolo final da baixa eficiência da sua campanha, o Boca só deu a volta olímpica porque o arquirrival River Plate venceu o Racing, que ficou com o vice.

É a deixa, claro, para a torcida do River tomar o título para si e provocar o Boca dizendo que apenas graças a eles ganharam o campeonato.

(Alguém se lembrou da Copa de 1978, na própria Argentina, e dos "campeões morais" de Claudio Coutinho? Há, de fato, uma grande diferença entre conquistar o título e se sentir campeão de verdade.)

Para o River, esta foi a melhor maneira possível de esconder o fraco desempenho que culminou com a despedida de Marcelo Gallardo. O clube terminou em terceiro no geral.

Outro fato: nem a "lição de casa" o clube xeneize fez, pois empatou com o Independiente por 2 a 2 e esteve a um triz de perder o campeonato. O Racing desperdiçou um pênalti aos 44 do segundo tempo e ainda amargou um gol de Borja antes de perder o jogo (2 a 1) e o título.

O final eletrizante com a Bombonera comemorando o gol do River não apaga o futebol pobre do Boca, que não conseguiu empolgar nem a sua torcida. Exemplo numérico da campanha fraca? As sete derrotas ao longo das 27 rodadas, uma quantidade realmente alta para um time campeão.

Caráter de uns, fraqueza de outros

Há, claro, quem prefira destacar o profissionalismo de River e Independiente, que jogavam para cumprir tabela e não perderam para os candidatos ao título, mas os resultados escancaram também a pobreza tanto de Boca quanto de Racing.

O Racing seguiu sua sina de derrapar nos momentos decisivos e não mereceu sorte melhor. Preocupante: nem o time comandando por Fernando Gago e nem o Boca do técnico Hugo Ibarra sugerem até aqui força para sequer incomodar a hegemonia brasileira na próxima Libertadores.

E nem dá para criar um suspense com reforços até o início da Copa. Os times argentinos sofrem para pagar as contas e se preocupam mais em conservar seus elencos do que em reforçar suas equipes.

Os outros argentinos garantidos na Libertadores-2023 são dois. Primeiro, o River Plate, uma enorme incógnita sob o comando de Martín Demichelis, prestes a ser oficializado como sucessor de Gallardo. Tem talvez o melhor elenco do país, mas se não rendeu com Gallardo, nada aponta que vá render com o estreante "Mincho" (apelido de Demichelis na Argentina).

O segundo desta lista é o Argentinos Juniors, que garantiu ontem sua vaga à Libertadores.

Tem um técnico de ponta, o cada vez melhor Gabriel Milito, mas nada sugere uma campanha, por exemplo, que avance além das oitavas de final na Libertadores.

A disputa pela última vaga nesta segunda-feira (24) será entre Tigre e Huracán —ambos igualmente sem condições de fugir da figuração continental. Mesmíssima situação do classificado que sairá da Copa Argentina (Banfield, Talleres ou Patronato, com o Boca completando o pódio dos semifinalistas da competição).

País mais vezes campeão da Libertadores, com 25 títulos, a Argentina vê o Brasil crescer no retrovisor: já são 22 conquistas brasileiras, contando a da edição 2022, cuja final será entre Flamengo e Athletico neste sábado (30) em Guayaquil (Equador).

O Brasil fez, sozinho, as últimas três finais de Libertadores (Palmeiras x Santos, Palmeiras x Flamengo e Flamengo x Athletico). E pelo que se vê da Argentina até aqui, a chance de isso mudar em 2023 é mínima.