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Cano é exemplo: por que a Argentina 'esquece' o futebol brasileiro na Copa
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A comissão técnica da seleção argentina jamais deixou de prestar atenção em Germán Cano ou algum outro jogador que atue no futebol brasileiro. Uma prova disso? A protocolar inclusão de Walter Kannemann na pré-lista de convocados para a Copa do Mundo. "Protocolar" porque as chances de o xerifão do Grêmio ir para o Qatar são mínimas, pelo que apurou a coluna.
E são mínimas, também, a chance de Germán Cano ser considerado em alguma convocação futura. Na atual, não há possibilidades.
Desde a chegada do treinador Lionel Scaloni, em 2018, a seleção argentina é composta praticamente apenas por atletas com "roce europeo". Ou seja: que joguem nas principais ligas do Velho Continente.
Afinal, para competir contra os melhores por suas seleções, faz sentido priorizar aqueles que estão familiarizados a enfrentar os atletas de elite nos campeonatos de ponta.
Mesmo nomes que foram inicialmente convocados como integrantes do futebol argentino, como Enzo Fernández e Julián Álvarez, do River Plate, se fixaram na seleção depois das suas transferências para Benfica e Manchester City, respectivamente.
'L' de 'loucura'
Cano merece todos os elogios pela sua "temporada mágica", como cravou o jornal "Olé" ontem (6). Não há o que desmerecer. Seu célebre "L" para comemorar os gols bem que poderia ser de "loucura" -principalmente por viver seu auge aos 34 anos.
(A comemoração, não custa reforçar, é para o filho, Lorenzo.)
Artilheiro do país e do Campeonato Brasileiro, com 24 gols em 36 rodadas, Cano chegou aos 42 gols em 68 partidas pelo Fluminense. Ele também deu sete assistências. Nos últimos jogos, vem colecionando marcas importantes e agora pode igualar Neymar (2012) e Gabigol (2019), os jogadores que mais fizeram gols em uma temporada no futebol brasileiro, com 43, como informou o UOL Esporte neste fim de semana.
Como era de se esperar, seu técnico, Fernando Diniz, fez lobby pela presença de Cano na seleção argentina.
"O Cano poderia [estar na seleção] pelo número de gols que faz, a maneira que se entrega na parte tática. É extremamente comprometido", comentou.
"Talvez se estivesse jogando na Argentina, seria um nome. Pela temporada brilhante, totalmente fora da curva. Muitas vezes as pessoas dizem que ele fica longe da área. Ele ajuda na marcação, sempre falei que fazendo isso e nos movimentos para o time se organizar melhor defensivamente não tiraria suas chances de marcar. Pelo contrário, ficaria mais integrado ao time. Desde que trabalhamos juntos, a performance dele é melhor e ele é mais completo."
O "eurocentrismo" de Scaloni é claro. Seus 11 titulares jogam na Europa. No caso dos atacantes, também os reservas.
Dos nove nomes ofensivos que devem ir ao Qatar, todos jogam no Velho Continente. A lista: Alejandro "Papu" Gómez (Sevilla-ESP), Lionel Messi (PSG-FRA), Lautaro Martínez (Inter-ITA), Ángel Di María (Juventus-ITA), Julián Álvarez (Manchester City-ING), Nico González (Fiorentina-ITA), Ángel Correa (Atlético de Madri-ESP), Joaquín Correa (Inter-ITA) e Paulo Dybala (Roma-ITA), que tenta se recuperar de lesão.
E há nomes importantes de fora, como Giovanni Simeone, hoje no Napoli-ITA, com impressionantes quatro gols em cinco jogos na atual Liga dos Campeões.
Repetição da história
A ausência de Cano na Argentina que irá ao Qatar reforça uma tendência histórica na seleção vizinha. No futebol moderno, só quatro nomes atuavam no Brasil quando disputaram a Copa do Mundo pela Argentina.
É preciso voltar 16 anos para chegar aos últimos exemplos, com os corintianos Carlitos Tevez e Javier Mascherano. Ambos jogaram a Copa do Mundo da Alemanha, em junho e julho, praticamente se despedindo do Parque São Jorge.
No mês seguinte, Tevez e Mascherano foram apresentados no West Ham, clube nanico da Inglaterra que serviu de entrada na Europa para a bem-sucedida carreira dos dois no Velho Continente.
Antes da dupla corintiana, Juan Pablo Sorín, em 2002, também foi convocado como integrante do futebol brasileiro. Ele defendia o Cruzeiro antes de se transferir para a Lazio, da Itália.
O quarto e último exemplo vem também do Cruzeiro: trata-se do zagueiro e capitão Roberto Perfumo, na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha.
A presença de jogadores argentinos que atuam em solo brasileiro costuma ser rara até mesmo nas Eliminatórias. Exemplos: o goleiro "Pato" Fillol, então no Flamengo, titular para o classificatório para a Copa de 1986. Ele acabou preterido para o Mundial.
Pablo Guiñazú (Inter), Hernán Barcos (Palmeiras), Nicolás Otamendi (Atlético-MG) e Walter Montillo (Santos) foram chamados por Alejandro Sabella para as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014.
O mesmo aconteceu com Lucas Pratto (Atlético-MG e São Paulo), convocado por "Patón" Bauza na metade do classificatório para a Copa de 2018.
Um detalhe une os cinco nomes. Todos eram reservas na seleção.
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