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Doping de Maradona e quebra-quebra: as loucuras de Argentina x Austrália
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A Argentina encara amanhã (3) a Austrália pelas oitavas de final da Copa do Mundo do Qatar. A partida das 16h (de Brasília) é a deixa para o resgate vizinho das histórias inusitadas envolvendo o encontro dos dois países pela Repescagem das Eliminatórias para o Mundial de 1994.
Maradona de volta
As duas partidas foram disputadas entre outubro e novembro de 1993. E aí entrava a esfinge chamada Diego Armando Maradona. Como um mortal torcedor, ele estivera no Monumental na derrota por 5 a 0 para o Colômbia, vestindo uma camisa azul e branca de 1986; sofreu e chorou com a derrota, impotente em seu assento, como milhares de argentinos.
Ao final da partida, ouviu os gritos desesperados da massa, clamando por seu retorno: "Maradóoo! Maradóoo", segundo contou o livro "Copa Loca". Lançado no Brasil em 2018 pela editoria Garoa Livros, a obra detalha todas as participações argentinas em Mundiais.
Quatro dias depois da goleada para a Colômbia, sintomaticamente, Maradona arrumou um contrato com o Newell's Old Boys. Na sequência, as portas da seleção seriam escancaradas para seu retorno. Em cerca de 45 dias, o craque derreteu quase quinze quilos. O astro estava de volta.
Com ele em campo, os argentinos arrancaram um empate na partida de ida da repescagem intercontinental contra os australianos, 1 a 1, em 31 de outubro, em Sydney.
Duas semanas depois, no duelo de Buenos Aires, o craque foi a referência de tranquilidade no jogo mais nervoso da seleção argentina em décadas.
O gol da classificação veio chorado, aos 15 minutos do segundo tempo, em um cruzamento de Batistuta que desviou no marcador, ganhou altura e fez uma parábola para encobrir o goleiro Zabica.
Alívio: a Argentina e Diego Maradona estavam na Copa de 1994, mas o Mundial terminou mal, com a eliminação argentina nas oitavas de final, para a Romênia, e com um doping positivo de Maradona, afastado no terceiro jogo da primeira fase pelo uso de efedrina.
'Café veloz'
Diego, com os anos, alimentou a tese de um suposto pacto entre ele e João Havelange, o chefão da Fifa, que jamais levou adiante a versão de Maradona.
O camisa 10 argentino dizia que o acordo veio justamente na repescagem contra a Austrália, no fim de 1993, quando a Argentina estava a ponto de ficar fora do Mundial —algo que representaria um prejuízo significativo à Fifa e aos seus patrocinadores.
O craque teria sido chamado às pressas de volta à seleção com a garantia de que não precisaria passar por nenhum tipo de teste antidoping. Com isso, evidentemente, insinua-se que Diego estaria sob efeito de substâncias ilegais desde essa época.
(De concreto, apenas o fato de que realmente não foram realizados exames antidoping nas duas partidas entre Argentina e Austrália —uma prática altamente incomum nas competições organizadas pela Fifa e que permanece inexplicada até os dias de hoje.)
Em maio de 2011, o próprio Maradona tratou de colocar mais lenha na fogueira ao dizer que, nos dois jogos da repescagem, a AFA (Associação de Futebol Argentino) forneceu aos atletas argentinos um "café veloz".
"Grondona nos disse que não haveria controle antidoping. Colocavam algo no café e com isso você corria mais. Você precisa ser muito idiota para acreditar. Te fazem dez exames, e na partida que vale classificação, não há antidoping", disse então Diego.
Outra lembrança muito viva daquele Argentina x Austrália de Buenos Aires foi a comemoração da torcida no Obelisco.
O centro da cidade amanheceu simplesmente destruído depois do feroz quebra-quebra que envolveu uma batalha campal contra a polícia portenha. Segundo o jornal "Clarín" na época, nada menos que 23 pessoas ficaram feridas e 43 foram presas.
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