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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Messi ou Maradona? Único técnico a comandar os dois faz sua escolha

Torcedor traz foto de Messi e Maradona no bumbo - MOLLY DARLINGTON/REUTERS
Torcedor traz foto de Messi e Maradona no bumbo Imagem: MOLLY DARLINGTON/REUTERS

Colunista do UOL

23/12/2022 08h53

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Ainda muito eufórica com a conquista da Copa do Mundo, a Argentina aproveita o título como melhor sabe: fazendo comparações que ajudem a situar a taça do Qatar com as Copas anteriores, conquistadas na própria Argentina, em 1978, e no México, em 1986.

Há uma voz no país que merece ser ouvida sempre que o assunto for os títulos argentinos: estamos falando do ex-técnico Alfio "Coco" Basile. Treinador da seleção azul e branca na Copa de 1994, nos Estados Unidos, ele é o único homem em todo o mundo a comandar tanto Diego Armando Maradona quanto Lionel Messi.

Hoje com 79 anos (e com sua voz de locutor intacta), Basile teve Maradona como seu jogador em 1993 e 1994, na própria seleção. A equipe nacional o permitiu também acompanhar Messi despontando nas temporadas 2006, 2007 e 2008.

'Era outro futebol, de um para o outro", analisou Basile à coluna.

"Maradona foi realmente um contemporâneo meu, já Messi teve outro destino, outra cultura, cresceu na Europa, mas não preciso explicar nem ao Brasil e nem a ninguém o quanto os dois foram geniais e escreveram a história do futebol como dois dos maiores de todos os tempos."

Para o histórico "Coco", olhar apenas para o desempenho de Messi no Qatar é simplificar uma história muito mais rica.
''Da mesma maneira que não é possível comparar Messi a Maradona, vejo que não dá também para comparar o Messi do Qatar às suas versões anteriores. Lionel e Diego não jogam no mesmo lugar do campo. Maradona geralmente decidia bem. Ninguém precisava falar nada para ele, Diego sabia exatamente o que precisava fazer. Era um estrategista, muito inteligente. Colocava o time no ombro e fazia todo mundo jogar.''

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Alfio Basile, ex-técnico argentino
Imagem: Marcos Brindicci/Reuters

''Já Messi era um individualista que atua no último quarto do campo e descansa quando está sem a bola. Diego era lento. Já Messi é um avião. Só vi Caniggia com uma velocidade parecida, mas Messi é veloz com a bola, a leva com um barbante. Ele faz o gol ou entrega o gol ao outro, como mostrou agora, dando assistências e definindo. Colocou o time nas costas, como fazia Diego.''

E a questão do comportamento, tão enfatizada pelos argentinos, Basile?

'Sempre vi Messi calado, e essa é uma diferença grande do seu temperamento desta Copa para as anteriores. Eu o vi agora mais autoconfiante, sabendo do seu papel na história da seleção. Bem, de Maradona nem preciso falar. Sua presença foi de um magnetismo que poucas vezes vi na vida, não só no esporte.''

A pergunta final não descoloca o histórico treinador: você sendo o técnico, e podendo escalar apenas um, quem escolheria?

"É fácil. Começo com Messi. Com ele em campo, certamente estaríamos ganhando, e para fechar o jogo, neste futebol de até sete trocas [como fez a França na decisão] colocaria Maradona em seu lugar, só para segurar a bola e deixar o adversário louco. Seríamos imbatíveis", concluiu, rindo, e desejando melhoras a Pelé: "Treinei Messi e Maradona e enfrentei Pelé como jogador. Do futebol não posso pedir mais nada, mas não me peça você para compará-los, chega", finalizou, de bom humor.

Basile era zagueiro do histórico Racing campeão do mundo nos anos 1960.