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Para técnico que lançou Maradona, Pelé foi bem melhor que craque argentino
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No dia em que o mundo se despede de Pelé, um personagem merece ser resgatado para contextualizar o peso do Rei do Futebol: César Luis Menotti, técnico campeão da Copa do Mundo de 1978, com a Argentina.
Hoje com 84 anos, ele é coordenador de seleções da AFA (Associação de Futebol Argentino), e responsável, entre outras coisas, pela escolha do atual treinador da azul e branca, o também campeão mundial Lionel Scaloni.
Menotti faz jus à fama de filósofo e revolucionário. Sua linha de pensamento é batizada na Argentina de "menottismo" (e seus seguidores são os "menottistas"). Ele jogou no Santos de Pelé em 1969 (era atacante) e foi o responsável por lançar Diego Maradona na seleção argentina em 1977.
Com toda esta bagagem, sua proximidade para falar sobre os dois é privilegiada.
''O Pelé foi muito melhor que qualquer outro, não só o Maradona", contou Menotti ao blog "Patadas y Gambetas", do UOL. "O Maradona era mais vistoso por ser canhoto, e os canhotos, como estão em menor número, dão a sensação de fazer coisas diferentes.''
''O Pelé era inacreditável, tinha movimentos que só ele conseguia. Parecia um puma, uma pantera. Dava cada salto! Parecia que jogava com um paraquedas.''
Repassar o relato de Menotti é particularmente tocante em um dia como hoje.
''Eu me lembro dele [Pelé] na final da Libertadores de 1963 na Bombonera. Queriam quebrá-lo, e ele fazia de tudo. Driblava, chutava, bancava os pontapés...Foi inigualável.''
''Jogar com o Pelé me marcou muito, me ensinou demais para ser treinador. Jogar é forma de dizer. Fiz só um jogo. Aquele time do Santos era muito bom, era capaz de ser campeão até se escalasse só os reservas [ganhou o Paulista de 1969].''
''Quem diz que Pelé só brilhou porque jogava com craques precisa lembrar: quanto mais príncipes, mais difícil ser rei."
"Pelé foi o maior numa época de Rivellino, Ademir da Guia, Tostão, Gérson, Jairzinho...Precisa dizer mais?''
''O Brasil de 1970 foi, de longe, o melhor time que vi.''
Confesso admirador do futebol brasileiro, ao contrário do que muitos fanáticos possam imaginar, o lendário ex-treinador argentino tem saudades do que viu vestindo a Amarelinha:
''A derrota do Telê em 1982 e 1986 foi péssima. Ela abriu espaço a outras pessoas e outras ideias, então houve uma mudança bruta de mentalidade e de forma de jogar. Por isso o Brasil vinha jogando mal desde os anos 1990.''
''O time do Dunga era a representação do 'sacrifício não se negocia'."
"Vocês, brasileiros, me digam: que sacrifício fazia o Romário?", concluiu Menotti neste papo que pode ser lido na íntegra aqui.
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