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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Por que Messi não foi ao velório de Maradona em Buenos Aires?

Diego Maradona consola Lionel Messi na Copa de 2010 - Reprodução Twitter
Diego Maradona consola Lionel Messi na Copa de 2010 Imagem: Reprodução Twitter

Colunista do UOL

07/01/2023 04h00

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Quem acompanhou a repercussão da ausência dos jogadores brasileiros no velório de Pelé, nesta semana, pôde resgatar um fato ocorrido na Argentina pouco mais de dois anos atrás. Afinal, Lionel Messi também não compareceu ao funeral de Diego Maradona, em 26 de novembro de 2020, na Casa Rosada (sede do governo), em Buenos Aires.

Ao contrário do que ocorreu no Brasil, a falta de Messi não foi questionada no país vizinho nem pela imprensa e nem pelos torcedores.

A primeira razão era a data, novembro de 2020. Messi vinha em plena temporada pelo Barcelona —tanto que atuou apenas quatro dias depois, nos 4 a 0 sobre o Osasuna, pela 11ª rodada do Campeonato Espanhol.

Foi nesta partida que ele fez um gol e homenageou Maradona mostrando a sua camisa do Newell's Old Boys, recebendo ainda um cartão amarelo pela comemoração.

O segundo motivo tinha a ver com a pandemia de covid-19. O futebol na Europa retornara fazia apenas dois meses (em setembro), e os jogadores ainda não haviam se vacinado.

Messi, por exemplo, só receberia a primeira dose da vacina em maio do ano seguinte. Muito por isso, ninguém na Argentina questionou se o astro deveria levar adiante uma negociação com o Barcelona para ser liberado a ir a Buenos Aires.

Seu deslocamento intercontinental teria consequências tanto para si (isolamento e afastamento das competições) quanto para o grupo (risco de contágio do elenco).

Por fim, vale lembrar também que a morte de Maradona foi repentina -Diego tinha 60 anos e morreu em casa, vítima de uma parada cardiorrespiratória, e seu óbito foi divulgado às 13h de uma quarta-feira.

O velório começou na madrugada seguinte e terminou às 16h da quinta, depois de múltiplos confrontos da polícia com os torcedores que se aglomeravam para se despedir do craque.

Jogadores locais compareceram em peso

Como a coluna lembrou nesta semana, Maradona foi homenageado por muitas personalidades do futebol em seu velório.

Dirigentes, integrantes das comissões técnicas e jogadores que compartilharam com ele as idas às Copas do Mundo estiveram por lá. A lista incluía nomes como os de Óscar Ruggeri, Jorge Burruchaga, Sergio Batista, Oscar Garré, Ricardo Giusti, Luis Islas e Sergio Goycochea.

Como Maradona também foi técnico da seleção argentina entre 2008 e 2010, jogadores mais jovens, como Javier Mascherano, Maxi Rodríguez, Martín Palermo, Gabriel Heinze, Carlos Tevez, Rolando Schiavi e Kily González também marcaram presença no funeral.

O atacante Wanchope Ábila, então no Boca, e Marcelo Gallardo, técnico do River Plate, igualmente compareceram à cerimônia.

Ao contrário do funeral de Pelé, em clima de respeito e tranquilidade, o velório de Maradona foi marcado por diversas brigas entre a polícia e os torcedores, além de uma surreal ameaça de roubo do caixão por parte dos "barras bravas", grupos organizados que barganham dinheiro e poder no futebol vizinho por meio de crimes e violência.