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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Polêmicas com Maradona e Botafogo: quem é o badalado técnico que pega o Fla

O técnico do Al-Hilal, Ramon Díaz - Fadel Senna/AFP
O técnico do Al-Hilal, Ramon Díaz Imagem: Fadel Senna/AFP

Colunista do UOL

07/02/2023 04h00

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Espalhados pelo mundo todo e bajulados como profissionais de ponta, os técnicos argentinos estarão hoje (7) na semifinal do Mundial de Clubes.

Aos 63 anos e tentando um "sprint final" na carreira, o atrevido Ramón Díaz comanda o Al-Hilal, da Arábia Saudita, desafiando o Flamengo às 16h (de Brasília) em Tânger, no Marrocos.

Ramón foi contemporâneo —e inicialmente amigo— de Diego Armando Maradona. Foi pela convivência com o astro adolescente que ele passou a jogar como centroavante.

"Camisa 9 com a qualidade de um camisa 10", era a definição argentina do seu futebol naqueles tempos, ainda no começo dos anos 1980.

Cria do River Plate, e muito próximo ao goleiro "Pato" Fillol, que depois defenderia o Flamengo, Ramón Díaz integrou a seleção da Argentina na Copa do Mundo de 1982, realizada na Espanha.

Foi dele, inclusive, o gol marcado na derrota por 3 a 1 para o Brasil no Estádio do Sarriá, pelo triangular da segunda fase.

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Maradona e Ramón Díaz eram amigos, mas rusgas destruíram a relação
Imagem: Reprodução web

A carreira que parecia alinhada aos grandes palcos teve um retrocesso pelas desavenças com Maradona. No River, Díaz era amigo também de Daniel Passarella, inimigo declarado de Diego, o que criou uma barreira intransponível na seleção.

Para não incomodar Maradona, a estrela-mor da companhia, o técnico Carlos Bilardo "cancelou" Ramón Díaz da equipe nacional. Sua ausência nas Copas de 1986 e 1990 até hoje gera muita controvérsia na Argentina, principalmente pela categoria desfilada em times como a Fiorentina e a Inter de Milão.

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River e Ramón, postal de uma época na história do futebol argentino e sul-americano
Imagem: Reprodução web

Técnico de timaços

Ramón Díaz jogou na Europa e no Japão antes de voltar ao River, no começo dos anos 1990, já veterano e ainda goleador. Pela ausência de nomes de peso no mercado, ele estreou como técnico no próprio River, em 1995, com apenas 36 anos.

Pelo gigante portenho, conquistaria a Libertadores da América de 1996 com um timaço recitado de memória até hoje: Burgos; Hernán Díaz, Ayala, Rivarola e Altamirano; Almeyda, Astrada e Sorín; Francescoli, Crespo e Ortega.

No fim daquele 1996, Ramón Díaz disputou pela primeira vez o Mundial de Clubes no qual tenta surpreender agora. Como técnico do River, parou na Juventus de Del Piero e Zidane, perdendo apertado por 1 a 0 e ficando com o vice.

O treinador que hoje cruza o caminho do Flamengo virou referência de bom futebol na Argentina, conduzindo o River em outras duas ocasiões e levando adiante trabalhos também no San Lorenzo e Independiente, além de comandar a seleção do Paraguai que eliminou o Brasil na Copa América de 2015, realizada no Chile.

Até o surgimento de Marcelo Gallardo, Ramón era considerado, com folga, o maior técnico da história do River.

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Botafogo anunciava chegada de técnico argentino Ramón Diáz
Imagem: Reprodução

Botafogo no caminho

As andanças de Ramón pelo mundo o levaram ao Rio de Janeiro em novembro de 2020, quando foi anunciado como técnico do Botafogo, que tentava então escapar do rebaixamento do Brasileirão.

A experiência, porém, durou pouco e terminou mal.

O argentino foi apresentado e logo depois se afastou para passar por uma cirurgia no Paraguai. Deixou o filho, Emiliano, seu assistente, no comando da equipe, perdendo os três jogos que disputou.

Em situação dramática na tabela, ocupando a penúltima colocação, o Botafogo chamou de volta Eduardo Barroca, escancarando o improviso da situação e deixando Ramón Díaz com um gosto amargo em sua saída.

"Quero voltar a treinar no Brasil algum dia", comentou o experiente treinador ao deixar o clube sem nem bem chegar.

Frase feita ou desejo de fim de carreira?

Que ninguém se espante, portanto, com uma motivação extra sua e do Al-Hilal no Marrocos. Uma surpreendente vitória sobre o badalado Flamengo certamente abririam de novo as portas do mercado nacional para ele.