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O dia em que Buenos Aires torceu por Guga mesmo contra um tenista argentino
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O Argentina Open está sendo disputado no Buenos Aires Lawn Tennis Club, o ''Roland Garros portenho'', como o histórico clube gosta de ser chamado.
E uma dessas histórias é também uma das mais bonitas do esporte brasileiro na Argentina, quando Gustavo Kuerten conseguiu a proeza de contar com o apoio da torcida mesmo jogando contra tenistas da casa.
A façanha ocorreu em 2001, ano em que Guga retomou o posto de número um do mundo justamente na frente dos portenhos —que, sem exagero nenhum, enlouqueceram com seu título em cima de José Acasuso, tenista de Misiones, única província argentina a fazer fronteira com a Santa Catarina natal de Kuerten.
A decisão de 22 anos atrás entre Guga e Acasuso foi um passeio do ''surfista do saibro'': 6/1 e 6/3, em meros 57 minutos.
Sem uma partida de equilíbrio, restou aos portenhos degustar a arte de Kuerten em seu auge. Meses depois, ele ganharia Roland Garros pela terceira vez.
''Os argentinos estavam loucos para torcer contra mim. Não poderia fazer nenhum movimento exaltado para permitir isso'', comentou Guga à época.
''Tentei também não cometer erros para que Acasuso não crescesse na partida.''
Seu carisma foi especialmente sentido na semana em que venceu também outro argentino —o portenho Guillermo Cañas, nas quartas, por 2 sets a 1.
Dançou até tango
Como um Vinicius de Moraes de seus tempos, Guga caprichou na arte de conquistar os corações argentinos. Enfatizou a paixão que tanto caracteriza Buenos Aires, dançou até tango, falou sempre um espanhol correto e vibrou:
''Aqui eu ganhei meus primeiros pontos [quando participava de eventos menores] e aqui voltei a ser o número um do mundo. Espero defender meu título''.
Acabou muito mais aplaudido pelas 5.500 pessoas que lotaram as instalações que o próprio argentino Acasuso, como destacou a ''Folha de S.Paulo''.
O jornal argentino ''La Nación'' claro, foi mais romântico: ''Buenos Aires curtiu Gustavo Kuerten, que passou a ser o brasileiro mais amado da Argentina".
"Uma presença cativante, que cumpriu o seu papel: era o favorito e, como tal, levou o troféu a Florianópolis. Um número um diferenciado, amável e simpático, daqueles que servem para seguir acreditando que ainda há superprofissionais que creem no lado puro do esporte."
Uau.
Ou como dizem os portenhos: "guau".
* Texto publicado originalmente pelo blog "Patadas y Gambetas", do UOL, em 2017
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