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The Best: Scaloni recebe, no ano, o que Guardiola e Ancelotti ganham no mês
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Eleito pela Fifa como melhor técnico do mundo em 2022, Lionel Scaloni tem um verdadeiro abismo salarial entre os seus vencimentos e os do catalão Pep Guardiola e do italiano Carlo Ancelotti, candidatos batidos por ele nesta segunda (27).
De acordo com o veterano jornalista Ernesto Cherquis Bialo em sua coluna no portal portenho "Infobae", toda a comissão técnica da seleção argentina recebeu, na temporada 2022, US$ 2,5 milhões (R$ 13 milhões) por ano.
O salário de Scaloni, por ser o treinador principal, somaria, na melhor das hipóteses, de US$ 1,5 milhão (R$ 7,8 milhões) em toda a temporada, segundo Bialo, que foi porta-voz da AFA (Associação de Futebol Argentino).
A comparação de Cherquis cita que o salário de Ancelotti no Real Madrid é de exato US$ 1 milhão (R$ 5,2 milhões) por mês.
Mais caro técnico do mundo, Guardiola recebe US$ 1,9 milhão (R$ 9,8 milhões) do Manchester City a cada 30 dias.
Os méritos de Scaloni
O ano era 2018. Eliminada pela França ainda ainda nas oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia, a seleção argentina parecia à beira do colapso, detalhou o UOL durante a Copa do Mundo do Qatar.
O então técnico Jorge Sampaoli rompera relações com o assistente Sebastián Beccacece ainda durante a Copa. Depois do Mundial, vieram as demissões. Primeiro, a de Beccacece, que pediu para sair, e depois a de Sampaoli, dispensado pela AFA (Associação Argentina de Futebol), mesmo com contrato até esta Copa do Mundo de 2022, no Qatar.
Para se livrar dele, a associação desembolsou o equivalente a R$ 7,75 milhões. E o escolhido para seu lugar foi um interino desconhecido até para os argentinos.
Lionel Scaloni, então com 40 anos, era um dos assistentes de Sampaoli, e aceitou o cargo, mesmo com forte rejeição no país, que tradicionalmente preza pela continuidade ou dissolução total nas comissões técnicas. É raro demais que um integrante siga quando os demais saem.
Scaloni não se abalou e fortaleceu suas "costas quentes". Foi rodeado de assistentes com grande vivência na seleção argentina, como os históricos ex-jogadores Pablo Aimar, Walter Samuel e Roberto Ayala.
Quatro anos depois, pode-se afirmar que Scaloni vingou, mesmo em sua primeira experiência como treinador principal. Balançou depois de perder para o Brasil e ser eliminado na Copa América de 2019, mas contou com um bom arranque nas Eliminatórias em 2020 para se manter no cargo, porque a imprensa argentina aproveitava cada deslize da seleção para clamar por "medalhões", como Diego Simeone, Ricardo Gareca ou Marcelo Gallardo.
A AFA, bem discretamente, estudou a troca por alguém mais gabaritado, mas Scaloni recebeu um voto de confiança e não desperdiçou.
Série invicta
Revertendo a pressão, Scaloni emplacou uma série invicta que chegou a 36 jogos (a maior da história da seleção), foi campeão da Copa América de 2021, batendo o Brasil em pleno Maracanã, e levantou o primeiro título argentino em 28 anos, conquistando também uma sossegada classificação para a Copa do Mundo do Qatar.
Como se precisasse de algo mais, ele somou ao currículo também o troféu da Finalíssima Uefa-Conmebol, contra a Itália, campeã da Eurocopa, em Wembley, em junho.
Criaram até um apelido para sua seleção, a "Scaloneta", transporte coletivo semelhante a uma van.
Deixou medalhões para trás
Uma das perguntas mais repetidas por quem não acompanha a seleção argentina em detalhes é a escolha por Scaloni, um novato desconhecido, enquanto os treinadores do país são destaque em todo o mundo.
Para citar só três exemplos, Diego Simeone, Marcelo "Loco" Bielsa e Mauricio Pochettino marcam presença constante nas grandes ligas europeias, sem falar de expoentes de bons trabalhos na América do Sul, como Gallardo (no River Plate) e Gareca (no Peru).
O primeiro motivo que fez a AFA apostar em Scaloni foi o financeiro. Técnico em formação, em sua primeira experiência como treinador principal, ele custou pouco aos cofres da entidade.
Ganhou o grupo
O bom ambiente gerado por Scaloni também foi determinante ao apostar em sua continuidade.
Muito próximo aos jogadores — era atleta, por exemplo, na primeira Copa disputada por Lionel Messi, em 2006 —, Scaloni é considerado como um treinador extremamente aplicado em todas as facetas do seu ofício.
Tem capacidade para armar equipes, fazer alterações de uma partida para outra, mexer com competência durante o próprio jogo e conseguir fazer tudo sem ferir o complicado ego dos jogadores argentinos, tradicionalmente traídos pelos nervos na seleção que se caracteriza pela paixão e pelas explosões emocionais que gera também em si.
Apesar do ríspido confronto contra a Holanda, pelas quartas de final, a seleção de Scaloni até aqui prezou pelo jogo limpo na Copa do Mundo. O técnico tampouco deu mostras de irritação que pudessem contaminar sua relação com imprensa e torcedores.
O seu tradicional equilíbrio só teve um leve arranhão, quando ele discutiu sobre o vazamento da informação do estado físico do volante Rodrigo de Paul, que jogou no sacrifício contra os holandeses e não comprometeu.
Chamado de "Égua" em sua época de jogador — dava coices como um combativo lateral direito —, Scaloni mostrou que evoluiu e não precisa dar patadas para ser respeitado.
E isso em um dos cargos mais penosos do futebol mundial, aquele que, para muitos, esgotou Alejandro Sabella e Edgardo "Patón" Bauza, que depois da seleção passaram a conviver com graves problemas de saúde.
Quem não teve problemas foi Messi. O tri no Qatar foi decorrência do bom ambiente da seleção e da coesão que existia ao seu redor.
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