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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Narrador famoso diz que foi expulso da Bombonera por criticar Riquelme

Juan Roman Riquelme, vice-presidente do Boca Juniors, no camarote da Bombonera durante jogo em abril de 2022 - Marcelo Endelli/Getty Images
Juan Roman Riquelme, vice-presidente do Boca Juniors, no camarote da Bombonera durante jogo em abril de 2022 Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Colunista do UOL

07/03/2023 08h31Atualizada em 07/03/2023 16h12

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O Boca Juniors empatou com o Defensa y Justicia por 0 a 0 ontem (6) na Bombonera, em jogo válido pela sexta rodada do Campeonato Argentino.

O destaque da noite, porém, ficou com a grave acusação do narrador Daniel Mollo, o mais famoso locutor dos jogos do Boca nas mais diferentes emissoras do rádio argentino nas últimas décadas.

Segundo a denúncia de Mollo em plena transmissão, ele foi "convidado a se retirar da cabine e do estádio por não estar alinhado com a gestão" de Juan Román Riquelme, hoje vice-presidente de futebol do clube xeneize, e de Jorge Ameal, mandatário da instituição.

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Daniel Mollo, histórico narrador dos jogos do Boca nas rádios argentinas
Imagem: Acervo pessoal

'Punhalada'

"Aconteceu um minuto antes de começar a transmissão, e tenho vontade de chorar", contou Mollo na Rádio del Plata (AM 1030).

"Vou pedir desculpas se faço a pior narração da minha vida, mas vamos levar isso em frente. Já vi muitas coisas, mas igual a isso, jamais, desabafou com a trilha sonora do filme "O Poderoso Chefão" ao fundo.

"Seguramente teremos alguma palavra oficial explicando por que querem torcer a opinião de alguém que quer exercê-la com liberdade", seguiu o narrador, lembrando que as eleições no Boca serão no fim deste ano. Mollo tem uma ligação histórica com Mauricio Macri, que hoje integra as chapas da oposição xeneize.

"Não é porque fazemos alguma crítica, ou porque abrimos espaço para algum opositor, que não podemos trabalhar como corresponde."

"Veio uma senhorita e não posso dizer nada, senão é violência de gênero, e outras três pessoas de braços cruzados, e ninguém se identificou, dizendo para eu ir para outro lugar. É uma loucura."

"Vieram nos expulsar da cabine porque não estamos alinhados com a gestão. Se fazem isso em outro clube, entendo, mas aqui na Bombonera é uma punhalada no coração", seguiu o locutor, que trabalhou vendo a partida pela televisão, sem especificar em que lugar nos arredores do estádio ficou.

"Foi uma atitude muito feia, me olhando por cima. Querem armar nossa transmissão, espero que seja ideia de algum aventureiro, duas pessoas do Departamento de Imprensa do Boca se solidarizaram comigo e prometeram investigar. Que isto não se repita."

O outro lado

O Boca se pronunciou no meio da tarde. Em nota, o clube informou: "Há uma readequação em determinadas cabines da Bombonera, e as transmissões que lá ocorriam serão provisoriamente acomodadas em outro setor", sem mencionar os episódios descritos por Mollo.

Em entrevista ao jornal argentino "Olé", o locutor rebateu: "Há um fundo político pelas minhas alianças com Macri".

A coluna apurou que o caso é tratado entre os dirigentes xeneizes como "um teatro de quem quer tumultuar, algo que sempre ocorre no ano eleitoral", em referência ao histórico de confusão nos pleitos do Boca.