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Ex-técnico de Messi na seleção argentina abre o jogo sobre vício em cocaína
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O currículo inspira respeito. Volante campeão da Copa do Mundo em 1986 e vice em 1990, Sergio "Checho" Batista é um raro ex-jogador que chegou ao cobiçado cargo da seleção profissional de seu país —e uma seleção "pesada", como a inflamada Argentina.
Os troféus conquistados em campo ficam para trás quando ele fala da sua vitória mais importante. Foi há exatos 30 anos. E ele não poupa detalhes, até para dar uma força a quem está na mesma.
Era 1991, e Batista perdeu o pai, José, com quem era grudado. Sua vida desmoronou. Campeão do mundo, parou no Nueva Chicago, esforçado clube nanico do futebol argentino.
'Salvei minha vida'
"Decidi ir para o Japão. Não tinha contrato, não tinha nada. Mas salvei minha vida", recordou Batista ao jornal argentino "La Nación" anteontem (9).
"Me afastei de um entorno que não me fazia nada bem, pelo vício."
(Ele sempre fala "vício" ou "droga", jamais "cocaína", que só menciona, sempre de passagem, nas entrevistas às TVs.)
"Se eu ficasse [na Argentina], apesar de muita gente boa por perto, seria muito mais difícil largar."
"Quando voltei [em 1997], o entorno tóxico já não quis saber de mim. Pelo contrário. Me viam e se afastavam. Me ajudaram."
Batista chegou ao Japão na quarta, e no sábado seguinte já estava assinado com o Tosu Futures, hoje Sagan Tosu, da cidade de Tosu, em Saga, na ilha de Kyushu.
Lá, completou a guinada. Além de jogador, virou também técnico da equipe, com somente 31 anos.
Era 1994. Em 2008, era o treinador olímpico de Messi, Agüero, Riquelme e Di María na seleção argentina que pôs o ouro no peito em Pequim.
O talento de Batista era apreciado pela estridente Argentina a ponto de suceder com naturalidade ninguém menos que Diego Armando Maradona no trono do selecionado principal. Era 2010, logo depois da Copa do Mundo da África do Sul.
Sua aventura no cargo durou pouco. Em 2011, na Copa América disputada em casa, foi demitido, eliminado ainda nas quartas de final, nos pênaltis, contra o Uruguai.
Alerta com a filha
"Com a droga perdi muito tempo e dinheiro", é o que se ouve de Batista sobre os seus anos de vício. O relato abaixo foi dado à Rádio Millenial FM, da Argentina, em 2017.
"Eu reconheci [o vício] como uma doença, despertada pela curiosidade e pela minha estupidez, sejamos bem sinceros."
"Durou três anos. E 90% do apoio que tive foi da minha esposa. Ninguém precisa experimentar a droga."
"Tive um 'click'. Foi com minha filha. Ela estava com uma amiguinha e disse para não entrar no quarto porque eu estava doente."
Maradona, íntimo amigo e posterior desafeto, não conseguiu o mesmo.
A morte de Diego fere Batista até hoje: "Não assimilei. Quando ele aparece na TV, mudo ou desligo. A forma como ele morreu me dá muita raiva".
Hoje com 60 anos, Batista quer sossego —mas nem tanto.
Busca trabalho em praças onde possa desenvolver ligas, na Ásia ou no Oriente Médio —teve experiências na China, no Bahrein e no Qatar, a última delas em 2019.
"Não quero voltar a treinar na Argentina. Que te xinguem na rua, como acontece aqui, não é fanatismo. É doença."
Seu olhar sobre o tri argentino no Qatar é cortante:
"Parece a seleção de outro país", dispara, a respeito da tensão social vivida nas mais diferentes províncias argentinas.
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