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Maior campeão da Libertadores: por que o Independiente está perto de falir
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Sete vezes campeão da Libertadores, recorde até hoje, o Independiente, um dos grandes do futebol argentino, atravessa hoje sua pior crise.
O diagnóstico veio de Fabián Doman, que anteontem (11) renunciou ao cargo de presidente do clube, depois de somente seis meses.
O Independiente está afundado em dívidas, estimadas em US$ 25 milhões (cerca de R$ 123 milhões), com débitos que ultrapassam dez anos, perto de causar sua falência.
Há, porém, um parêntese. A Justiça argentina impede a quebra total por conta da "lei Racing", mantendo as atividades esportivas enquanto os valores são acertados das mais intrincadas formas.
É este o momento. O Independiente atravessa uma sequência de pedidos de penhoras e cessão de terrenos que possam pagar suas contas.
Um dos maiores valores é para o desconhecido atacante Gonzalo Verón, que ganhou na Justiça o direito de receber US$ 5 milhões (R$ 24,59 milhões), mesmo atuando apenas 18 partidas pelo clube entre 2018 e 2019.
Queda livre
A torcida enfurecida protesta sem parar nas ruas de Avellaneda, nos arredores de Buenos Aires, repetindo aquilo que é praxe na Argentina em situações assim: muita confusão e agressão aos jornalistas que cobrem as manifestações.
A reclamação é clara. Os apaixonados se cansaram de ver "dirigentes ricos e o clube pobre", algo que é reclamado desde a gestão de Hugo Moyano, líder de um sindicato de caminhoneiros que foi presidente do Independiente de 2014 a 2022.
Nas eleições realizadas em outubro do ano passado, ganhou Fabián Doman, famoso apresentador de TV, que renunciou agora.
Como reflexo do caos institucional, o clube está cada vez pior no Campeonato Argentino. Perdeu na noite de ontem (12) para o Rosario Central por 1 a 0 e ocupa agora a 25ª colocação na competição de 28 equipes.
Há risco de rebaixamento, como alertou o ex-atacante e ídolo Daniel Bertoni, repetindo o calvário do clube na temporada 2013-2014.
Nos "promedios", cálculo que computa as três últimas edições para decretar os que descem à Série B de 2024, o Independiente ocupa a 17ª posição, com 1,3 pontos. Os rebaixados hoje seriam Sarmiento (1,1) e Arsenal (0,9).
O destaque do elenco atual é o meia equatoriano Juan Cazares, ex-Atlético-MG, Corinthians e Fluminense.
O Independiente estava sem técnico depois da demissão de Leandro Stilitano, sendo dirigido interinamente pelo ex-zagueiro Pedro Monzón, mas na noite desta quinta acertou com Ricardo Zielinski, ex-Estudiantes e Belgrano.
Para deixar tudo ainda mais tenso, o clássico de Avellaneda, contra o Racing, será neste domingo, em casa, com a torcida certamente em chamas. Há possibilidade de o jogo ocorrer em campo neutro ou com portões fechados.
SAF é solução?
Uma das análises mais repetidas nas rádios, portais e TVs da Argentina é a hipótese de o Independiente virar uma "SAF", uma sociedade anônima, repetindo o modelo do Brasil.
É claro que a tentativa teria o crônico improviso argentino.
As leis no país não permitem a privatização, mas a grande desconfiança é que o futebol do Independiente agora vai ter ligação com o partido político PRO, repetindo, por exemplo, o que Mauricio Macri fez com o Boca Juniors, mandando no clube nas décadas de 1990 e 2000, ganhando notoriedade política a ponto de alcançar a presidência da Argentina em 2015.
"É muita coincidência junta. O clube está acéfalo e com um presidente que renunciou porque não entregaram o dinheiro prometido", analisou, à Rádio AM750, de Buenos Aires, Gustavo López, que participou da última edição presidencial do Independiente como vice-presidente.
"Já chegaram algumas propostas de empresas que poderiam comprar o clube. Não é a primeira vez que o macrismo ensaia a privatização dos clubes, convertendo muitos deles em sociedades anônimas."
"Não há outra explicação. Não vai aparecer nenhuma solução milagrosa. Estamos advertindo publicamente", finalizou López.
Carrasco brasileiro
Grande campeão da Libertadores em seus primórdios, o Independiente conquistou o título das edições de 1964, 1965, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1984.
A equipe argentina deixou pelo caminho gigantes brasileiros como o Santos de Pelé, na semifinal de 1964, o São Paulo de Pedro Rocha, na decisão de 1974, e o Grêmio de Renato Gaúcho também na final de 1984, última Libertadores conquistada pelo clube de Avellaneda.
O último lampejo do Independiente foi também contra um brasileiro.
Foi em 2017, na Sul-Americana, superando o Flamengo no Maracanã superlotado em uma decisão das mais pesadas, com os flamenguistas brigando com a polícia e com os argentinos antes da partida.
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