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Tales Torraga

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

River goleia com jogador a menos e prova que Gallardo é página virada

River hoje é chamado na Argentina de "Michoneta", paródia com a "Scaloneta" - Reprodução web
River hoje é chamado na Argentina de "Michoneta", paródia com a "Scaloneta" Imagem: Reprodução web

Colunista do UOL

20/04/2023 07h49

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O River Plate viveu nova noite de loucura ontem (19) com o Monumental de Núñez, maior estádio do continente, lotado pela 31ª vez seguida, um recorde.

E os comandados por Martín Demichelis estiveram à altura ao fazer 4 a 2 no Sporting Cristal, do Peru, mesmo atuando com dez em campo por 63 minutos.

(4 a 2 é goleada no Brasil? Na Argentina sim, bem como 3 a 0.)

Este River está voando, como contamos na semana passada, e a Libertadores mostra agora a melhor versão deste timaço que na Argentina empilha oito vitórias seguidas sem sofrer gols.

Ontem, logo aos 6 minutos, sofreu um, provando que, além de técnica, este River tem a raça tão exigida pela sua gigante torcida, que se deliciou até perder a voz com uma atuação de gala do trio de armadores Nacho Fernández, Nicolás De La Cruz e Esequiel Barco.

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River Plate comemora gol contra o Sporting Cristal pela Libertadores
Imagem: CARP Twitter

Também contamos na semana passada que Barco é sério candidato a craque da Libertadores, e ontem ele reforçou a previsão, marcando dois gols.

Rapidíssimo, técnico e incansável, desequilibrou como nos melhores tempos de Independiente, campeão da Copa Sul-Americana em cima do Flamengo com apenas 18 anos. Barco está com 24, e futebol digno de seleção.

Sua ótima fase é mérito de Demichelis, que está se saindo um grande treinador. Suas mexidas no time ontem foram simplesmente brilhantes, coroadas pelo golaço espetacular do reserva Solari, de cobertura, depois da assistência "maradoniana" de Enzo Pérez.

Demichelis chegou ao River na virada do ano, vindo de Munique, do Bayern B, e seu primeiro enorme mérito já foi devidamente alcançado: em Núñez, ninguém mais fala de Marcelo Gallardo.

O maior treinador da história do clube é página virada. Uma página dourada, inesquecível, mas devidamente superada.

Por falar em superar, algo que este River precisa realmente elevar é a defesa, que ainda sofre aqui e ali.

É um time de meio-campo espetacular, ataque bom e defesa regular (às vezes irregular, como ontem).

Quem vive o futebol argentino de perto crava que este River já está pronto para bater os brasileiros, menos dominantes que nas Libertadores passadas.

É cedo para falar isso de Palmeiras e Flamengo, mas não para afirmar que estamos, de fato, diante de um River mais forte que nos anos anteriores. É um time que não tem nada a ver com o que ficou pelo caminho contra o Vélez Sarsfield em 2022 e ante o Atlético-MG em 2021.

E isso já traz um grande mérito para quem chegou sob desconfiança e agora se despede, emocionado, de um estádio lotado extremamente aplaudido, como Demichelis ontem.

A euforia é tamanha que já há até uma engraçada paródia.

O apelido de Demichelis é "Micho". Agora temos então a "Michoneta", em alusão à "Scaloneta", campeã da Copa do Mundo no Qatar.

(E o que era a "Scaloneta"? Um transporte coletivo, meio ônibus, meio van, em que todos viajam felizes e terminam campeões. Os argentinos são realmente criativos como poucos, e os livros e filmes estão aí para reforçar.)