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'Super-herói' e 'amigo de Deus': a semana de glória de Borja na Argentina
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O atacante colombiano Miguel Ángel Borja passou pelo Palmeiras e pelo Grêmio sem deixar saudades. Somando os dois clubes, entre 2017 e 2021, disputou cerca de 130 jogos no futebol brasileiro, mas nenhum deles com o barulho gerado nesta semana na Argentina.
Camisa 9 do River Plate, Borja cobrou com extrema categoria o pênalti que deu a enlouquecedora vitória de 1 a 0 do gigante de Núñez contra o Boca Juniors, no último domingo (7), no Monumental, com mais de 84.000 pessoas.
Nos 110 anos de história do maior clássico da Argentina, jamais o gol decisivo saiu tão em cima da hora. Borja empurrou para as redes aos 48 minutos do segundo tempo, desatando inúmeras e persistentes gozações. A torcida do River repete sem parar que esta é a maneira perfeita de vencer o Boca, que "assim sai mais nervoso de campo".
"Super-herói"
A cobrança perfeita de Borja chamou a atenção em Buenos Aires, pois o encarregado inicial de bater o pênalti era o meia Agustín Palavecino. Extremamente tranquilo e respeitado pelos colegas, o colombiano, que hoje está com 30 anos, pediu a bola, a recebeu sem discussões e não desperdiçou.
Era um lance "fatal", como dizem os portenhos.
Borja tinha diante de si um especialista em pênaltis —Sergio "Chiquito" Romero, inesquecível por defender duas cobranças da Holanda (Vlaar e Sneijder) na semifinal da Copa de 2014 e levar a Argentina à decisão do Mundial disputado no Brasil.
Tamanha eficiência no momento histórico rendeu a Borja um apelido que lota as redes sociais argentinas, caóticas como sempre nas discussões sobre futebol. Como foi o herói do "superclássico", o colombiano agora tem o cartaz de "super-herói" na capital portenha, localidade que ama seus ídolos como poucos outros lugares no mundo.
Em campo, porém, Borja precisa demonstrar continuidade.
Ele é reserva claro no River para o técnico Martín Demichelis, que atua com um único atacante, o argentino Lucas Beltrán. Revelado nas categorias de base do clube e com o fôlego pleno dos seus 22 anos, Beltrán é merecidamente comparado a Julián Álvarez, hoje no Manchester City.
Não é para menos. Beltrán preza pelo combate contra os zagueiros e pelo pivô. Borja é mais finalizador, e divide o banco de reservas com outro estrangeiro, o venezuelano Salomón Rondón, de 33 anos, recém-chegado, vindo do Everton-ING.
O jornal argentino "La Nación" de hoje (11) trouxe um completo levantamento com os números de Borja no River.
Vale reforçar que ele começou o "superclássico" no banco, entrando no lugar de Esequiel Barco apenas 10 minutos antes de marcar o gol.
Desde que chegou ao River, em julho do ano passado, Borja disputou 36 jogos, somando 1751 minutos em campo. Fez 14 gols. As médias são de 49 minutos por partida e um gol a cada 125 minutos.
O colombiano foi titular em apenas 17 jogos, e em somente 5 atuou o tempo todo.
"Amigo de Deus"
Ao contrário do Brasil, os locutores de rádio na Argentina continuam ditando tendência, como nas décadas passadas.
Há um histórico narrador das partidas do River, Atilio Costa Febre, que transmite toda a temporada do gigante do Núnez há 32 anos, com audiência cativa e enorme contundência ao inventar apelidos.
Borja, para Costa Febre, é o "amigo de Deus".
A alcunha vem dos gestos religiosos do colombiano. O atacante é sempre visto fazendo o sinal da cruz, levando as mãos aos céus e, na comemoração do último domingo, mostrando uma camisa escrita "A glória é para Deus", reforçando como os fãs argentinos o chamam agora.
O discurso do "amigo de Deus" é acompanhado também por boas ações.
Na briga generalizada ao final do River x Boca, ele primeiro comemorou respeitosamente o seu gol sozinho, e depois tentou evitar a troca de socos e chutes. Por fim, junto com o goleiro adversário Romero, terminou de afastar os brigões e fez o possível para o jogo terminar sem novos golpes.
O momento do colombiano na Argentina é tão positivo que o jornal "Olé" de ontem (10) chamou Buenos Aires de "Borjalandia", pelo carisma do atacante.
Outra maneira de aferir a fama de Borja? Sua camisa religiosa mostrada no gol de domingo.
Réplicas já estão à venda na internet, custando entre 4.000 e 7.000 pesos argentinos (R$ 86 a R$ 151 pelo câmbio oficial).
Torcedores de Palmeiras e Grêmio jamais sonharam em fazer algo parecido.
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