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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Histórico carrasco dos times brasileiros, Boca Juniors pode cair fora já

Sebastián Villa lamenta no gramado - Getty Images
Sebastián Villa lamenta no gramado Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

25/05/2023 08h53

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Nenhum time da atual Libertadores da América tem tantos títulos quanto o hexacampeão Boca Juniors.

O gigante xeneize, porém, está longe de honrar sua grandeza, e ontem (24) perdeu um jogo pavoroso na Colômbia para o nanico Deportivo Pereira, estreante em competições internacionais.

O 1 a 0 para o Pereira acabou saindo barato.

Goleiro do Boca, o veterano Sergio "Chiquito" Romero defendeu um pênalti aos 30 minutos do segundo tempo, mas no ataque seguinte os colombianos fizeram o gol depois de falha bizarra da defesa —o lateral Fabra e o zagueiro Valentini quase saíram na mão em pleno gramado por isso.

alm - Divulgação Conmebol - Divulgação Conmebol
Jorge Almirón, técnico do Boca Juniors
Imagem: Divulgação Conmebol

Contas ingratas

O Boca tem agora duas partidas para fechar a fase de grupos, contra os chilenos do Colo-Colo (no dia 6) e contra os venezuelanos do Monagas (dia 29). Ambos os jogos são na Bombonera, onde os portenhos historicamente se dão bem.
O problema que é este Boca está rasgando a sua história.

Os argentinos mereciam até perder em casa no mês passado para o mesmo Pereira, que vencia por 1 a 0 até os 44 do segundo tempo, mesmo com um jogador a menos. O Boca buscou a virada e venceu por 2 a 1, aos 54 minutos.

Longe também está a fama de "carrasco" dos brasileiros, conquistando títulos contra Cruzeiro, Palmeiras e Santos, por exemplo.

No ano passado, em plena Bombonera, o Boca foi eliminado da Libertadores ainda nas oitavas por um Corinthians que não chutou ao gol, segurou o 0 a 0 e se garantiu nos pênaltis.

Quem olha a classificação da Libertadores 2023 e enxerga o Boca na liderança do seu grupo pode até estranhar o pessimismo, mas há motivos de sobra para ter cuidado.

Os xeneizes têm 7 pontos, empatados com o Pereira. O terceiro colocado é o Colo-Colo, com 5 pontos, que ficou no 1 a 1 com o Monagas nesta rodada.

O Boca x Colo-Colo do próximo dia 6 passa a ser um mata-mata antes da hora. Em caso de derrota, o Boca ficaria atrás dos chilenos e muito provavelmente do Pereira (que encara o lanterninha Monagas).

Em caso de revés, o jogo final do Boca ante o Monagas teria ares de drama e obrigação de goleada, algo pouco indicado a um time de comprovada fragilidade —é só o décimo no Campeonato Argentino, nada menos que 16 pontos atrás do líder, o rival River Plate.

Eleição conturbada

A fraca Libertadores do Boca tumultua ainda mais o ano político do clube, pegando fogo à espera das eleições presidenciais de dezembro.

Já há um áspero embate entre Juan Román Riquelme, pela situação, e Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina e do próprio Boca, agora na oposição.

Macri disse ontem que a permanência de Riquelme no poder tornará o Boca "cada vez menor". Foi a deixa para a gozação geral das outras torcidas, que ironizam que este Boca realmente se comporta como um clube pequeno.

As próximas duas rodadas da Libertadores vão mostrar o futuro xeneize não só na Libertadores, mas no decorrer desta e das próximas temporadas. "Alerta vermelho", como repetem os portenhos —mesmo os que vestem azul e amarelo.